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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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12/06/2009

Estudo aponta que desenvolvimento baseado em desmatamento da Amazônia é passageiro


Desenvolvimento humano é pior com desmatamento extremo, mostra artigo. Esgotamento de recursos naturais levaria a decadência econômica

Artigo da edição desta sexta-feira (12/06) da revista "Science" compara 286 municípios da região amazônica em diferentes estágios de desmatamento e conclui que a prosperidade gerada pela destruição da floresta é temporária. Em locais com alto índice de desmatamento há uma tendência a haver piores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), bem como de cada um de três seus componentes (taxa de alfabetização, expectativa de vida e renda per capita). Os autores chamam o padrão encontrado de boom and bust (algo como “ascensão e queda”). Ele dividem os municípios em sete categorias diferentes, desde aqueles que ainda têm cobertura florestal de mais de 90% até os que possuem menos de 5% de floresta, e comparam seus indicadores sociais e econômicos.

Os municípios nas duas pontas desta escala (muito devastados e pouco devastados) apresentam números semelhantes. Aqueles no meio do caminho, com média devastação, apresentam indicadores melhores. “Nossos resultados mostram que as pessoas em municípios que derrubaram suas florestas não estão melhores do que aquelas onde não (houve desmatamento)”, conclui o artigo.

O propósito do estudo, como explica um dos autores, Carlos Souza Jr., do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) é demonstrar com dados que o desmatamento não traz desenvolvimento econômico e social duradouro. O trabalho demorou dois anos para ser concluído. Um dos principais motivos para este processo, aponta o cientista, é que a substituição da floresta por pecuária extensiva, por exemplo, diminui a oferta de empregos, empobrecendo a população. Segundo Souza, os recursos da floresta, como madeira, água e o estoque de carbono que a mata representa, são um capital natural. “O consumo desse capital natural gera riqueza. Se o consumo não for sustentável, a riqueza vai durar pouco tempo”, diz.

Os autores optaram por comparar os municípios entre si para mostrar a evolução dos indicadores sociais e econômicos ao longo de diferentes estágios de desflorestamento porque não tinham dados históricos que permitissem fazer essa análise para cada local ao longo dos anos. O texto ressalta que, ainda que haja um recuo nos indicadores após a passagem da frente de desmatamento, de uma forma geral, se analisado cada município, a Amazônia deve apresentar melhora no IDH na maioria dos muncípios nos últimos anos. Isso porque a região acompanha uma evolução que ocorre em todo o país ao longo do tempo. Isso não invalida, no entanto, a conclusão de que a devastação traz prosperidade apenas temporária à região onde ocorre.

Soluções

O artigo recomenda que, como forma de evitar empobrecimento e decadência, se invista na intensificação da pecuária onde já há pastos, e se coíbam novos desmatamentos. Sugere também o fomento à economia sustentável, como os manejos florestais (exploração planejada dos produtos da floresta, dando condições para que ela se recupere). Os cientistas alertam ainda para a necessidade de políticas para melhorar a saúde, a educação e a situação fundiária da população amazônica.

Outra forma de gerar riqueza seria o pagamento por serviços ambientais, como o sequestro de carbono. Atualmente discutem-se maneiras de países ou empresas pagarem pela conservação de florestas como forma de compensar a poluição por eles causada. Além de Carlos Souza Jr., são autores do artigo da “Science” Adalberto Veríssimo, também do Imazon, Robert Ewers, do Imperial College de Londres, Andrew Balmford e Ana Rodrigues, da Universidade de Cambridge e Luke Parry, da University of East Anglia.

Por: Dennis Barbosa
Fonte: AmbienteJá/Globo Amazônia


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