Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
10/12/2008
Sexta Revolução será das tecnologias limpas
Os investidores que decidirem entrar no mercado de tecnologias limpas e biotecnologias terão boas surpresas a longo prazo, conclui o relatório "A sexta revolução tecnológica". Preparado pela Merrill Lynch, uma das principais empresas do mundo em administração de bens, mercados de capital e consultoria, o documento afirma que a atual Era da Informação e Tecnologia dará lugar às lideranças em tecnologias limpas, uma vez que a infra-estrutura energética irá se voltar para as renováveis.
“Investidores serão recompensados na fase de erupção, que veremos acelerar em 2010 e 2011, depois dos problemas de financiamentos acabarem”, afirma o relatório.
Steven Milunovich, coordenador do relatório, explica que as tecnologias limpas são aquelas aplicadas para a otimização do uso de recursos naturais e redução dos impactos ambientais, o que inclui energia solar, eólica, geotérmica, biocombustíveis, uso da água e materiais, além da demanda por eficiência energética.
As três principais razões para a virada em direção às energias limpas, que segundo o documento iniciou em 2003, são a urgência em limitar o aquecimento global e evitar mudanças climáticas drásticas, a garantia de segurança energética e a redução de custos crescentes em função da exaustão de recursos naturais. “Estes problemas não podem ser resolvidos sem uma pesada dose de capitalismo”, afirma Milunovich.
Dados do Grupo CleanTech apontam que, em 2008, os investimentos de capital de risco em tecnologias limpas devem chegar a US$ 8 bilhões no mundo, sendo que 50% deste total vêm dos Estados Unidos. Desde 2003, o crescimento foi de mais de 600%.
Ganância capitalista
O presidente da Foundation Ventures, Phil Neches, aponta que o temor dos problemas ambientais foi bem colocado, porém as pessoas não se comprometerão totalmente enquanto o fator “ganância” não entrar na equação. Mercados energéticos têm maior magnitude que os tecnológicos, diz Milunovich, ressaltando que “Googles” serão criados e os investidores serão beneficiados. “Isto pode levar mais tempo e exigir mais capital do que o necessário para a internet, mas as tecnologias limpas devem ser o próximo grande boom”, comenta.
As outras cinco revoluções as quais se refere o relatório foram a Industrial, no Reino Unido em 1771; a Era do vapor e das ferrovias, iniciada no Reino Unido em 1829; a Era do aço, eletricidade e engenharia pesada, iniciada nos Estados Unidos e Alemanha em 1875; a Era do petróleo, automóveis e produção em massa, iniciada nos Estados Unidos em 1908, e a Era da informação e telecomunicações, iniciada nos Estados Unidos em 1971.
“São duas ou três décadas de adaptação turbulenta e lapsos de assimilação, do momento em que novas tecnologias causam o primeiro impacto no início de uma ‘era de ouro’ ou ‘era de bons pressentimentos’”, afirma a economista Carlota Perez, autora do livro “Revoluções Tecnológicas e o Capital Financeiro”, o qual forneceu o quadro histórico para o relatório.
Segundo Perez, a história sugere que o estagio de frenesi é bom para os investidores. Um exemplo é que, em 1840, as ações de empresas ferroviárias dobraram de preço, porém o comércio se estabilizou em 1850, quando entrou a fase de sinergia. A Merrill Lynch afirma que, apesar de as ações do setor de energia solar já terem passado por um pico inicial, muitas empresas de tecnologias limpas ainda virão a público em uma fase de erupção, que será acelerada depois de 2011.
Descentralização e energia solar
A Merrill Lynch aposta na energia descentralizada para a sexta revolução. Embora os centros de energia solar e eólica possam continuar mantendo a tendência de centralização; na opinião de Milunovich, a geração e monitoramento descentralizados de energia por meio de painéis solares, inteligência distribuída e micro-redes podem ser a verdadeira onda do futuro. Por isso, o relatório conclui que a tecnologia limpa pode estar evoluindo em direção a um setor horizontal e bem distribuído.
O setor de energia solar foi identificado pelo banco de investimentos como uma tecnologia de ponta a longo prazo, pois desfruta das mais rápidas evoluções em termos de preço-desempenho e pelo sol ser a maior fonte de energia da Terra. O vento também é outra opção energética promissora, com o biocombustível e a geotérmica apresentando maiores desafios.
O fator crítico para o sucesso da energia alternativa é o suporte de empresas de capital de risco e a atração de corpos de gestão com motivação empreendedora. O modelo de capital de risco anima o pensamento inovador e a adoção de novas tecnologias. “Os capitalistas de risco entendem que a tecnologia digital está passando do mundo microscópico para o macroscópico”, comentou o sr. Milunovich. “É importantíssimo obter subsídios para prestar suporte à tecnologia limpa a curto prazo, mas, com o tempo, o setor precisa alcançar o sucesso em economias autônomas”.
O relatório também sugere que será necessário colocar um preço sobre o carbono, seja através de um esquema ‘cap and trade’ (limite e comércio de emissões) ou de impostos. A expectativa é que, quando isto acontecer, a demanda por eletricidade livre de emissões de dióxido de carbono aumente vertiginosamente.
Por: Paula Scheidt
Fonte: AmbienteJá/ Carbono Brasil