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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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03/09/2009

Derretimento no Ártico pode afetar 25% da população mundial


O nível do mar pode aumentar mais de um metro até 2100 com o derretimento do gelo do Ártico, causando a inundação de regiões costeiras e afetando potencialmente um quarto da população mundial, de acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (2) pela organização internacional para a preservação da natureza, a World Wildlife Fund (WWF).

O documento sugere que o aumento do nível das águas seria quase o dobro do previsto no estudo do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) que, em 2007, estimava este número em 59 centímetros.

A WWF diz que o relatório Feedbacks do Clima do Ártico: Implicações Globais é o primeiro do tipo a incorporar o impacto do derretimento do gelo na Groenlândia e da porção ocidental da Antártida sobre o nível do mar, regiões que não foram consideradas nas projeções do IPCC.

"O Ártico, um componente crítico de nosso sistema climático global, aqueceu o dobro que o resto do mundo nas últimas décadas. E a medida que o Ártico aquece, produz efeitos que amplificam ou aceleram a mudança climática", explicou Martin Sommerkorn, assessor para a mudança climática do WWF, ao apresentar o relatório durante a terceira Conferência Mundial do Clima. A maior parte dos resultados negativos do aquecimento do Ártico não aparecia em estudos anteriores, simplesmente, porque a ciência não estava tão avançada.

Além disso, as camadas geladas do Ártico armazenam duas vezes mais carbono do que o existente na atmosfera. "O rápido aquecimento do Ártico pode levar ao desaparecimento de 90% da camada próxima à superfície do permafrost (solo formado por terra, rochas e gelo que permanece congelado em toda a faixa do Ártico) no final deste século, e isto, tem o potencial de liberar à atmosfera grandes quantidades de carbono em forma de dióxido de carbono e metano", afirmou Sommerkorn.

As temperaturas do ar no Ártico aumentaram quase duas vezes em relação à média global nas últimas décadas, diz a WWF. "O que este relatório nos permite ver são as (...) amplas consequências globais deste aquecimento", disse o cientista Martin Sommerkorn, consultor para mudanças climáticas do programa da WWF para o Ártico, em entrevista divulgada pela organização no YouTube.

A grande perda de gelo marinho resultante do aquecimento duas vezes mais rápido do Ártico em relação ao resto do mundo vai afetar as condições climáticas muito além dos polos, de acordo com o WWF. Europa e América do Norte podem, por exemplo, passar por invernos atipicamente frios, ao passo que a Groenlândia pode ter invernos mais quentes com a mudança de umidade e a subida do nível dos mares.

Além disso, o aquecimento do Ártico pode se tornar em si um motor para o aquecimento global.

Motor de mudanças - O derretimento do gelo do Ártico se tornaria um motor de mudanças climáticas mais acentuadas, diz o documento da WWF. O relatório prevê que a perda acentuada do gelo com o aquecimento do Ártico influenciaria o clima além da região. O fenômeno mudaria a temperatura e os padrões de precipitação de chuvas na Europa e na América do Norte, afetando a agricultura, florestas e recursos hídricos.

O documento explica que o solo congelado do Ártico reserva o dobro do carbono mantido na atmosfera e, que se o aquecimento da região continuar, o gelo do solo vai se derreter e liberar carbono na atmosfera na forma de dióxido de carbono e metano em níveis significativos. A concentração de metano, um gás causador do efeito estufa especialmente poderoso, vem aumentando na atmosfera nos últimos dois anos e há sugestões de que isso se deve ao aquecimento da tundra do Ártico.

"Este relatório mostra que é urgentemente necessário controlar as emissões dos gases do efeito estufa enquanto ainda podemos", disse Sommerkorn. "Se nós permitirmos que o Ártico fique quente demais, há dúvidas sobre se poderemos manter a cadeia de implicações desse fenômeno sob controle", completou.

O cientista acredita que "estas informações são críticas para se levar às pessoas diante do novo acordo sobre mudanças climáticas que será negociado em Copenhague (Dinamarca) em dezembro." O tratado a ser negociado na capital dinamarquesa vai ser a sequência do Protocolo de Kyoto.

ONU - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta quarta-feira (2) durante visita à vulnerável camada de gelo do oceano Ártico que os políticos do mundo precisam se empenhar para aprovar um novo tratado climático global neste ano. Ban disse que o Ártico, cujas temperaturas sobem mais do que em qualquer outro lugar do planeta, é o "marco zero" da pesquisa climática e serve de alerta em meio às discussões globais sobre como reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

"Aqui no gelo polar sinto o poder da natureza e ao mesmo tempo uma sensação de vulnerabilidade", disse o sul-coreano à Reuters, depois de desembarcar de um navio quebra-gelo da Guarda Costeira norueguesa para caminhar sobre a água congelada e conversar com pesquisadores. "Devemos fazer tudo o que pudermos para preservar este gelo ártico. Esta é a responsabilidade política exigida dos líderes globais, e contamos com seu compromisso", afirmou ele, na noite de terça-feira (1º).

A capa de gelo do Ártico tem encolhido a um ritmo mais acelerado do que os cientistas previam, e pode desaparecer totalmente durante o verão até 2050, segundo estudos recentes. O fim desse manto branco expõe águas escuras, que absorvem mais radiação solar, gerando ainda mais aquecimento global.

O quebra-gelo "KV Svalbard" avançou durante quase duas horas pelo oceano glacial, até encontrar um navio de pesquisas que está a cerca de mil quilômetros do Polo Norte, a uma latitude superior a 80. Ali, os pesquisadores mostraram a Ban como medem a espessura do gelo, a temperatura e outros parâmetros, na tentativa de descobrir por que o gelo cada vez mais migra do Ártico para se derreter nas águas relativamente mais quentes do Atlântico Norte.

Para proteger Ban contra ursos polares, vistos na região horas antes, guardas armados controlavam o perímetro da plataforma de gelo. Ban disse esperar que os cerca de cem dirigentes mundiais que participarão neste mês de uma conferência climática em Nova York "demonstrem sua liderança" e deem impulso para as negociações destinadas a aprovar o novo tratado climático, numa cúpula em dezembro em Copenhague.

O sul-coreano também está empenhado em reafirmar sua liderança, depois de um memorando duro em que a embaixadora norueguesa junto à ONU disse que lhe falta carisma e eficácia, e que isso poderia contribuir com um fracasso da cúpula de Copenhague.

O acordo a ser definido na Dinamarca irá substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Mas ainda é preciso resolver graves diferenças entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento, lideradas por China e Índia, sobre a amplitude das reduções das emissões e as formas de financiar esse processo.

Ban disse estar "trabalhando duro" com os líderes globais para definir metas de uma redução de pelo menos 25 por cento nas emissões dos países desenvolvidos até 2020, em comparação a 1990. Propostas já anunciadas pelos países ricos ficam aquém desse objetivo.

Fonte: Ambiente Brasil/ Estadão Online


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