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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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06/10/2009

Diário do Quênia: Seca continua apesar da temporada de chuvas


Seca no Quênia - Noor Guhad de pé no meio da represa de terra Oda seca, onde a água teria chegado à altura de sua cabeça há três anos. Agora ele precisa cavar muito para encontrar água.

A brisa é tão quente que me faz engasgar com o ar que respire. Posso ouvir meus passos estalando sobre o cascalho. Gotas de suor escorriam por meu rosto e minha espinha. Eu avançava com muito esforço.

Concentro minha energia para caminhar algumas dezenas de metros até o carro, onde o sistema de ar-condicionado secará meu suor até a próxima parada. Percebi que o único verde que existe é das acácias, um verde esmaecido.
Essa deveria ser a temporada de chuvas mesmo aqui no árido norte do Quênia, atingido pela seca. Não tenho dúvidas sobre como os 300 mil habitantes do triângulo de Mandera devem se sentir: traídos, decepcionados, abandonados por uma natureza que eles não conseguem entender. Mas eles são resistentes. Apesar das adversidades, eles conseguem encontrar uma maneira de lidar com elas.

Do complexo da filial da Cruz Vermelha em Mandera posso ver os tetos das casas em Bulahawa, a primeira cidade depois da fronteira na província de Gedo, na Somália. Poucas ruas depois, chegamos às margens do rio Daua, a fronteira natural com a Etiópia.

Na cidade vizinha de Suftu, as pessoas atravessam com água na altura dos joelhos e trouxas nas cabeças. Balsas de tábuas de madeira se engancham com tonéis de petróleo alinhados na esperança de mais trânsito pesado. Mas isso terá que esperar. Uma balsa encalhada em um banco de areia no meio do rio mostra como o nível da água está baixo.

Khalil Mohammed, que se candidatou para trabalhar na Cruz Vermelha na região, conta que só haverá mais água no rio se chover nas partes altas da Etiópia. Dentro desse contexto a filial de Mandera trabalha para assistir até 40 mil pessoas afetadas pela seca.

Queda drástica no nível das águas
Depois de uma jornada de três horas pelas estradas esburacadas de Mandera, chegamos à represa terrestre de Oda. Aqui a Cruz Vermelha Queniana ajudou a perfurar um ponto para recolher água profundo.

Noor Guhad, pastor de gados, ainda se lembra dos dias em que a água chegava às bordas do lago, pelo menos quatro metros acima de sua cabeça. Agora, ele é obrigado a cavar um poço de quatro metros para chegar à água.
Há algumas garrafas amarelas de água sob a única árvore que vejo no horizonte. Soubemos que menos gado está vindo a esse ponto de água. Muitos começaram a ir para lugares onde é menos difícil encontrar água.

Noor pergunta se a Cruz Vermelha poderia ajudar a cavar um canal que direcionasse as águas de um rio sazonal para sua área de captação. Khalil promete averiguar o assunto. Ele conta que isso e outras intervenções simples, mas vitais, seria possíveis, se o apelo emergencial pela seca no Chifre da África recebesse mais apoio.

Uma garoa nos acompanha até Elwak, onde passaremos a noite. As crianças e as mulheres recolhem água das poças formadas pelas marcas dos pneus na estrada. Pode-se ver um pouco de grama aqui, outro mais adiante. Khalil acha que isso é um “bom sinal”, desde que a chuva se intensifique. “Do contrário, as cabras comerão isso em menos de uma semana”, diz.


Fonte: Blog Nosso Mundo. Nossa Ação.


Foto: Blog Nosso Mundo. Nossa Ação.

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