Realização:

Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

notícias
 IMPRIMIR
 GERAR PDF
 ENVIAR PARA AMIGO
Seu nome:    Seu e-mail:    E-mail do amigo:   

20/10/2009

Agropecuária vira vilã das emissões de gases no Brasil


O peso do setor agropecuário nas emissões de gases de efeito estufa do Brasil é muito mais relevante do que os dados oficiais mostram. Entre 1994 - ano do último inventário oficial de emissões brasileiras - e 2005, o peso da agricultura e da pecuária aumentou 26,6%.

No mesmo período, a importância relativa do desmatamento, sempre considerado o grande vilão nacional quando o assunto é piora do efeito estufa, cresceu apenas 11%.

"O Brasil está mudando seu perfil de emissões. Neste contexto, a pecuária começa a se tornar uma grande vilã", afirma Marcelo Galdos, do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), instituição ligada à Universidade de São Paulo.

Os dados de um estudo ainda inédito, que será publicado na edição de novembro da revista científica "Scientia Agrícola", foram apresentados na última sexta-feira em São Paulo. O grupo do Cena atualizou os dados setoriais apresentados em 1994. O governo federal está atualizando esse inventário, tendo como ano-base 2000, mas a publicação do material ficou só para o ano que vem.

Em termos relativos, o setor de "processos industriais" foi o que mais cresceu. Entre 1994 e 2005, a taxa é de 73,6%. "Mas cuidado com os números", diz Galdos. "Mesmo com o crescimento, em termos absolutos, o peso industrial ainda é baixo."

Ignorada - A importância do peso da agropecuária nas emissões brasileiras é ignorada até pelo Ministério do Meio Ambiente.

Na apresentação feita ao presidente Lula na terça-feira, para tentar alinhavar uma proposta para a reunião do clima em Copenhague (Dinamarca) em dezembro, a importância da agropecuária é considerada praticamente estável no período que vai de 1994 a 2020.

Nenhuma medida foi proposta para diminuir de forma efetiva as emissões da pecuária e da agricultura. Os alvos foram o desmatamento e o setor energético. Pelo estudo da USP, esse último, no mesmo período, cresceu apenas 4,3%.

Nas estimativas feitas pelo grupo da USP, a fermentação que ocorre no estômago dos bois é uma das maiores responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa do setor. O gado emite metano, gás-estufa 21 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2) na capacidade de reter na atmosfera o calor irradiado pelo planeta. Mas o manejo errado dos solos, sempre muito revolvidos, tem impacto quase tão grande quanto o dos bois.

"No caso da pecuária, muitas vezes se fala na questão do confinamento (dos animais), mas nem é muito isso", avalia Galdos. Segundo o pesquisador, o caminho para o setor diminuir suas emissões está muito mais no campo técnico.

Pelos estudos da equipe da USP, por exemplo, plantar cana-de-açúcar em áreas de pastagens degradadas é uma boa forma de reter mais carbono no solo. "Mas isso tem de ser muito bem feito. Não adianta nada trocar o pasto por cana e, ao mesmo tempo, empurrar o gado para a floresta e provocar mais desmatamento."

Fonte: Eduardo Geraque/ Folha Online)


Foto: www.sxc.hu

copyright@2008 - Planeta Verde
Este site tem a finalidade de difundir informações sobre direito e mudanças climáticas. Nesse sentido, as opiniões manifestadas não necessariamente refletem a posição do Instituto O Direito por Um Planeta Verde.