Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
01/11/2008
Conexão com o clima é saída para Amazônia
Muito pouco da riqueza da Amazônia é medido, pelo menos na forma que se mensura hoje. O que é produzido na região corresponde a 7% do PIB brasileiro. Esta foi uma das informações levantadas pelo pesquisador sênior e um dos fundadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo. O autor de diversos livros e artigos sobre a região e grande conhecedor da Amazônia destacou a importância do bioma, detentor de enorme biodiversidade e recursos hídricos. Isso sem falar no papel de regulador do clima. A maior floresta tropical do mundo produz e exporta correntes de ar e umidade para várias partes do Brasil e da América Latina. “Ela é com uma espécie de fígado, que filtra e cumpre função de limpeza na atmosfera.”
O agrônomo, que tem artigos publicados nas revistas Nature e Science, explicou aos participantes do workshop Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos que, com o aumento da demanda por carne, madeira, minério (devido ao crescimento da China), a Amazônia está seriamente exposta ao desmatamento. Adalberto também teme que com o desenvolvimento dos bicombustíveis a pecuária avance ainda mais para dentro da floresta. “Só na Amazônia brasileira há 80 milhões de cabeças de gado”, contabilizou.
O pesquisador paraibano, que mora em Belém, esclareceu que o desmatamento tem grande relação com a criminalidade. Nos municípios em processo de desflorestamento, encontram-se os maiores índices de violência do Brasil, devido à disputa por recursos naturais. Em cidades em que o desmate já chegou a 90% de área, a economia é tão pobre que não há dinheiro nem para pagar salários dignos aos trabalhadores, ocorrendo, dessa maneira, alto índice de trabalho escravo. Veríssimo salientou que o desmatamento compensa alguns segmentos em curto prazo, mas é prejudicial a toda a sociedade no longo prazo. “É um péssimo negócio, não melhora a condição econômica do país e gera um monte de conflitos sociais”, sentenciou.
Ele afirmou que os grileiros ocupam menos áreas protegidas, como as terras indígenas e unidades de conservação. Beto Veríssimo entende que o que poderia amenizar o ciclo de “boom-colapso”, que move a fronteira e catalisa o desmatamento, são políticas de grande alcance para ordenar o território e mudar a base da economia. E concluiu: “A grande saída para Amazônia é a conexão com o clima. Pesa para os países, mas é uma chance de sobrevivência para a Amazônia”.
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