Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
17/12/2008
Aquecimento Global faz sua primeira vítima na Austrália
Cientistas têm afirmado que um gambá branco (white lemuroid possum), nativo da floresta úmida de Daintree, em Queensland, na Austrália, se tornou o primeiro mamífero extinto no país em conseqüência dos impactos da mudança climática. O animal, uma criatura rara encontrada somente acima dos 1000m nas florestas da montanha, não foi avistado nos últimos três anos na região.
Os especialistas temem que o aquecimento do planeta seja o culpado pelo desaparecimento dessa espécie altamente vulnerável graças a um aumento da temperatura de até 0.8C. "Não me está parecendo bom", disse o pesquisador Steve Williams. "Se eles foram mesmo extintos, este seria o primeiro exemplo de algo extinto puramente por causa do aquecimento global aqui na Austrália", afirma.
O Professor Williams, diretor do Centro de Biodiversidade Tropical e Mudança Climática da Universidade James Cook, afirmou que o gambá branco havia sido identificado como altamente vulnerável cinco anos atrás. "Leva apenas quatro ou cinco horas de temperaturas acima de 30C para matar uma espécie como essa, altamente vulnerável", disse ele.
A intenção, agora, é montar uma última expedição, programada para o início do próximo ano, para adentrar profundamente na intocada região de Carbine, perto Mt Lewis, três horas ao norte de Cairns, em busca da pequena árvore que abriga a espécie, batizada de "Dodo da Daintree". De acordo com os pesquisadores, é nesse tipo de árvore que a espécie encontra moradia.
"Eles vivem no alto dessas árvores, próximos a nuvens resfriadas da floresta, de elevada altitude. Sob extremo calor, são incapazes de manter sua temperatura corporal", disse Williams, acrescentando ser bastante provável que as altas temperaturas sentidas no verão de 2005 causaram um decrescimento maciço no número de espécies.
O que está ocorrendo com esta espécie é um sinal do que está por vir, prevê o especialista. "Significa que todas estas previsões que estamos fazendo podem se tornar muito mais sérias nas próximas décadas (...) as estimativas originais dão conta de que se houver um aumento entre três ou quatro graus na temperatura pelo menos 50 por cento das espécies podem se tornar extintas".
Os cientistas acreditam que algumas espécies de sapos e insetos também possam ter sido mortas pelas alterações climáticas. Mas essa seria a primeira perda de um mamífero conhecido e a mais significativa desde a extinção do Tigre da Tasmânia.
O responsável pelo Centro de Clima Nacional e consultor da Organização Meteorológica Mundial William Kininmonth, por outro lado, diz que há até o momento pouca evidência para suportar as informações sobre o desaparecimento do animal. "Eu ficarei muito surpreso se o gambá branco for confirmado como extinto devido ao aquecimento global", disse ele.
"Nas últimas décadas o clima não mudou tanto assim. Tivemos alguns períodos de seca, mas também passamos por tempos de chuva. Ficou um pouco mais quente, mas também tivemos o El Nino e assim por diante (...) Mas não há nada que não possamos dizer que se trata de uma tendência notável. É mais provável que danos causados ao habitat e outras coisas tenham contribuído para o fim desta espécie", analisa.
Por: Tatiana Feldens
Fonte: AmbienteJÁ