Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
11/03/2010
Academias de ciências vão auditar painel climático da ONU
Em meio a uma crise de credibilidade, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) anunciou que o órgão responsável pela auditoria que avaliará seus procedimentos será o IAC (Conselho Interacademias), entidade composta por presidentes de 15 academias nacionais de ciências, incluindo a do Brasil.
Em coletiva nesta quarta-feira (10) em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, enfatizaram que a auditoria, "completamente independente", visa "minimizar os erros [do painel], com total transparência, precisão e objetividade".
Os dois detalharam o anúncio feito na semana passada pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), que revelara a decisão de submeter o painel do clima a uma avaliação externa.
A auditoria deverá ser concluída em agosto, antes da divulgação do quinto relatório do IPCC, em outubro. O órgão vem sendo pressionado por ter cometido erros em seu relatório de 2007, que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz.
Um dos problemas apontados foi a previsão de que as geleiras do Himalaia derreteriam até 2035. A fonte da informação incluída no documento do painel era um trabalho sem revisão técnica, e estava errada.
Outro bombardeio de críticas ocorreu após o vazamento de e-mails roubados de cientistas na Universidade de East Anglia.
Em algumas mensagens, membros do IPCC sugeriam vetar aos opositores da teoria vigente de aquecimento global o acesso a dados de temperatura.
Ban Ki-moon, ontem, minimizou as críticas e afirmou não ver "indícios que coloquem em dúvida as principais conclusões" do texto. Para ele, "as evidências mostram que o aquecimento global está acelerado e necessita de ação urgente".
"Lamentavelmente, houve um número muito pequeno de erros no quarto relatório [do IPCC]. Lembrem-se, tratam-se de 3.000 páginas de complexas informações científicas", disse o secretário-geral da ONU.
Afastamento
Após o anúncio, o holandês Robbert Dijkgraaf, um dos líderes do IAC, não deu detalhes sobre quem fará parte da auditoria, mas afirmou à Associated Press que o painel deverá ter cerca de dez membros, entre especialistas independentes e cientistas que já trabalharam com o IPCC, mas que estejam "afastados o suficiente para serem independentes".
Ainda de acordo com Dijkgraaf, o IAC escolherá o grupo em reunião marcada para o próximo dia 22. A ideia, diz, é "olhar para a frente", detectando erros de procedimento, metodologia e administração que possam prejudicar as conclusões do próximo painel das Nações Unidas para o clima.
A Academia Brasileira de Ciências indicará pesquisadores para o grupo, segundo o seu represente junto à IAC, Eduardo Moacyr Krieger. "O IAC já tem trabalhado com a ONU em outros projetos.
Tem experiência e competência para revisar os trabalhos do IPCC. Agora vamos consultar as academias dos países-membros, pedindo que ofereçam uma lista de pesquisadores para o trabalho."
Fonte: CRISTINA FIBE, da Folha de S. Paulo, em Nova York
Colaborou RICARDO MIOTO