Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
18/12/2008
Mercado de carbono em retrospectiva
O mercado global de carbono viveu momentos de instabilidade no decorrer do ano, alcançando altas e baixas históricas, porém os números mostram que as previsões promissoras feitas em 2007 estão próximas de se concretizar
Depois de atingir o pico de € 29,33 em 1º de julho, as permissões de emissão da União Européia (EUAs, na sigla em inglês), principal mercado de carbono do mundo, chegaram ao menor valor em 21 meses, € 15,10, no início de dezembro – uma queda de 51%. As baixas recentes são reflexos tardios da crise, que traz temores de redução na produção industrial, porém não abalam o crescimento progressivo das negociações de créditos de carbono.
O mercado deve fechar o ano com bons números, concretizando as previsões feitas no final de 2007. Somente no primeiro semestre de 2008, o aumento das negociações foi de 41% em relação ao mesmo período de 2007, atingido € 38 bilhões (US$ 48,26 bilhões), segundo a Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA). Durante este período, foi negociado um volume total de 1,84 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um aumento de 56% em relação ao mesmo período de 2007.
Em outubro, uma análise da New Carbon Finance mostrava números ainda melhores. Segundo a consultoria, nos primeiros nove meses do ano o mercado global de carbono obteve um crescimento de 81%, alcançando US$ 87 bilhões no final do terceiro trimestre.
A previsão era de que o mercado quebraria a marca de US$ 100 bilhões até o final do ano, chegando aos US$ 116 bilhões. “O crescimento deve continuar até 2012 quando deve alcançar US$ 550 bilhões. Se os Estados Unidos criar um esquema de comércio e limite de emissões a expectativa é de que totalize US$ 3 trilhões em 2020”, afirmava a consultoria.
De acordo com a New Carbon Finance, o mercado deve fechar 2008 totalizando 3,9 bilhões de toneladas transacionadas, um crescimento de 31% com relação a 2007 (3 bilhões).
No início do ano, a previsão de analistas da Point Carbon era de que 2008 fecharia com um total de 4,2 bilhões de toneladas de CO2 negociadas, enquanto que, segundo a consultoria norueguesa, no último ano haviam sido negociadas 2,7 bilhões de toneladas.
Já o Banco Mundial calcula que o mercado cresça para cerca de US$ 150 bilhões em 2010, partindo dos US$ 10 bilhões de 2005.
Reflexos tardios da crise
A queda recente nos preços do carbono na Europa ocorreu por causa de temores de que a produção industrial reduzida poderia diminuir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e, conseqüentemente, derrubar a demanda por permissões. Porém, esta pode ser uma falsa relação, segundo uma reportagem publicada hoje pelo jornal britânico Guardian.
Números do Comitê de Mudanças Climáticas do Reino Unido sugerem que 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país – uma queda considerável – resultariam em apenas 200 mil toneladas de emissões de CO2 em 2009. Segundo o jornal, isto seria uma fração muito pequena perto da projeção de redução do país de 533 milhões de toneladas.
“Há uma grande distância entre PIB e emissões. Você não conseguiria mudar mais de 1% nas emissões ao menos que tivesse algo realmente dramático acontecendo, como o fechamento de toda a indústria”, afirmou o diretor de políticas da Fundação New Economics, Andrew Simms, ao Guardian.
Apostas do capital de risco
A mesma crise financeira que derruba o preço na Europa, no entanto, é vista como uma luz para o obscuro cenário econômico atual para empresas de capital de risco dos Estados Unidos. “Ainda há muito otimismo e crescimento dentro e em torno do mercado de carbono em todos os níveis: comércio, projetos e empresas”, afirma Martin Whittaker, da Mission Point Capital Partners.
Segundo Whittaker, há capital disponível para projetos com baixas emissões de carbono e o fundo da sua empresa está esperando retorno sobre investimentos ao longo de um período de três a cinco anos se os Estados Unidos estabelecerem um preço para o carbono, o que ocorreria com o lançamento de um plano “cap and trade” (limite e comércio de emissões).
A eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA também animou o mercado mundial de carbono. Durante a campanha, Obama enfatizou a questão energética e climática, prometendo um grande estímulo para fontes alternativas de energia e o esquema "cap and trade" para reduzir as emissões ao longo das próximas décadas.
No decorrer de 2008, dois esquemas voluntários “cap and trade” movimentaram o país. Em setembro, a Iniciativa Climática do Oeste (Western Climate Initiative) lançou as diretrizes do programa regional de metas de redução de GEE e comércio de permissões. A WCI, formada por sete estados norte-americanos e quatro províncias canadenses, pretende reduzir em 15% as emissões de GEE referentes ao ano de 2005 em 2020, dando início ao programa em 2012.
Na costa leste, a Iniciativa Regional de Gases do Efeito Estufa (RGGI, na sigla em inglês) realizou nessa quarta-feira (17) o segundo leilão de permissões. O esquema RGGI reúne 10 estados do nordeste dos Estados Unidos que irão regular as emissões de dióxido de carbono (CO2) das usinas de energia a partir do ano que vem. No primeiro leilão, realizado em setembro, foram comercializadas 12,5 milhões de toneladas de permissões de emissões para o ano de 2009, adquiridas por apenas seis participantes.
Outros volumes significativos de créditos de carbono são negociados em esquemas regionais como o Esquema de Abatimento de Gases do Efeito Estufa de New South Wales, do sudeste da Austrália, e o esquema da província canadense de Alberta. Além das expectativas em torno dos Estados Unidos, novos mercados devem entrar em cena nos próximos anos como o esquema federal da Austrália a partir de 2010, do Japão e da Nova Zelândia.
Por: Paula Scheidt, do CarbonoBrasil
Fonte: Envolverde/CarbonoBrasil