Realização:

Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

notícias
 IMPRIMIR
 GERAR PDF
 ENVIAR PARA AMIGO
Seu nome:    Seu e-mail:    E-mail do amigo:   

09/04/2010

Brasil pode ser modelo de sustentabilidade para o mundo


Pesquisador do Inpe alerta que sistema de desenvolvimento econômico está levando o planeta ao colapso

O modelo de desenvolvimento econômico mundial vem fazendo com que o planeta se encaminhe para um colapso. O alerta foi reforçado ontem por Carlos Nobre, doutor em Meteorologia, em visita à Capital.

A perspectiva trágica se deve às alterações enfrentadas pelo clima que vêm gerando elevação na temperatura da Terra, o chamado aquecimento global. As mudanças climáticas foram o tema da aula magna proferida pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Apresentando projeções traçadas pelo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU - do qual é um dos autores -, Nobre falou sobre a interferência no clima causada pela humanidade, ação sem precedentes na história recente. "Esta era geológica de influência humana já foi batizada de Antropoceno", informa.

O especialista destaca que a conjunção do crescimento populacional, do desmatamento e do excessivo volume de gases despejados na atmosfera tem causado um impacto de proporções globais. "É preciso refletir sobre o que disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: estamos com o pé no acelerador rumo ao precipício."

Deixando de lado o pessimismo, Nobre ressaltou que o Brasil tem a chance de se tornar protagonista de um novo modelo de desenvolvimento sustentável. "É uma oportunidade única de liderarmos uma trajetória de sustentabilidade. Sendo assim, poderemos ser o primeiro país tropical desenvolvido do mundo", salienta.

Ele comemorou a mudança radical na posição do governo brasileiro com relação às questões climáticas.
"Deixamos para trás a postura terceiro-mundista de quem não tem nada a ver com isso. Alguns analistas chamam isso de efeito Marina Silva (ex-ministra do Meio Ambiente)", disse, arrancando risos da plateia.

Lembrou que as metas de redução das emissões de gases transformadas em lei no Brasil - 25% até 2030 - são mais ambiciosas do que as dos Estados Unidos. Depois disso, ressaltou "nosso potencial ambiental". "Somos o país com a maior biodiversidade da Terra. Temos 46% da nossa matriz energética em fontes renováveis. O maior potencial do planeta em energia eólica, obtida através da força do vento."

Segundo ele, a questão é: como aproveitar tudo isso na construção de um processo de industrialização diferenciado? "Nosso projeto atual se baseia em modelos implantados por outros países em séculos anteriores, algo que está ultrapassado", avalia.

Nobre ainda lançou um desafio ao público que lotou o Salão de Atos da Ufrgs. "Vocês têm todas as condições de buscar um novo paradigma de desenvolvimento através do uso racional dos abundantes recursos naturais de que dispomos. Só os jovens têm essa condição de se libertar desse modelo que é nocivo ao planeta", conclamou.

Por fim, aproveitou para reforçar o alerta. "Se os filhos de vocês chegarem a enfrentar o mesmo grau de degradação que temos hoje, podem ter certeza de que não teremos mais alternativas. Precisaremos partir para um plano B."


Fonte: Jornal do Comércio, 9 de abril de 2010.
Geral, página 24


Foto: Claudio Fachel/JC

copyright@2008 - Planeta Verde
Este site tem a finalidade de difundir informações sobre direito e mudanças climáticas. Nesse sentido, as opiniões manifestadas não necessariamente refletem a posição do Instituto O Direito por Um Planeta Verde.