Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
30/06/2010
A pegada de carbono das empresas
Se somarmos as emissões de gases de efeito estufa de apenas 35 empresas brasileiras de grande porte, em 2009, teremos o mesmo volume de gases gerados por um carro a gasolina, motor 1.0, que tivesse percorrido 630 bilhões de quilômetros. A distância equivale a 16 mil voltas em torno da Terra ou a 1.370 idas e voltas ao planeta Marte. Em outras palavras as emissões diretas desse grupo atingem quase 89 milhões de toneladas de carbono equivalente .
Não é pouco e, para saber como reduzir essas emissões, um primeiro passo é necessário: enumerar, dentro de cada empresa, quanto emite cada um de seus setores, para saber onde é possível cortar.
Em 2009, 35 empresas brasileiras tiveram esse trabalho e fizeram seus inventários de emissão de gases de efeito estufa para saber em que setores mais emitem os gases causadores do aquecimento global. A conclusão disso foi apresentada, em São Paulo, no último dia 22 de junho, em evento realizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que incentivou as empresas a fazerem esse levantamento.
“Há dois anos esse projeto vem sendo trabalhado. A ideia de termos esse registro representa um passo significativo de algumas empresas brasileiras. Com isso, no futuro, o Brasil pode liderar como um país socialmente responsável”, afirma Maria Teresa Leme Fleury, diretora da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A iniciativa pretendeu incluir o máximo de empresas na tarefa de inventariar suas emissões e não teve como objetivo culpar as que mais poluem. A ideia é incentivar que cada uma delas – independente do quanto emita de gases do efeito estufa – procure métodos viáveis para reduzir suas emissões.
Segundo a ministra Isabela Teixeira, do Ministério do Meio Ambiente, a iniciativa é importante por “aproximar as estratégias de gestão ambiental privada e pública”. Afinal, as empresas que apresentaram seus inventários o fizeram voluntariamente, numa tentativa de adiantar o futuro – quando as ações para reduzir as emissões devem ser obrigatórias. “Queremos estreitar esses dois mundos. Não avançamos se não houver estreitamento entre ciência e política. Acredito que as empresas devem estar cada vez mais abertas ao diálogo, sem brigas por espaços”, diz Isabela.
Maiores emissões
Atualmente, as empresas que mais emitem gases do efeito estufa entre as que participaram do inventariado são as do setor de transformação, responsáveis por 89% das emissões, seguidas pelas empresas do setor de mineração, com 10%. Saneamento, energia, setor agrícola, serviços financeiros e serviços públicos somam o restante 1%. Dentro do setor de transformação, as indústrias que mais emitiram foram a petroquímica e de combustíveis. Em seguida estão a mineração de não-metálicos e a metalurgia.
O objetivo é promover a cultura permanente de formulação e publicação de inventários corporativos de emissão de gases de efeito estufa. Quando esse processo ganhar escala, as empresas vão se engajar em programas para reduzir as emissões. Acreditamos nisso. (Rachel Biderman, coordenadora adjunta do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV)
No futuro pretendemos viabilizar o cálculo de emissões médias por setor e a pegada ecológica de produtos, que poderão ter uma etiqueta dizendo quanto emitiram durante a produção, o transporte e o caminho até chegar às lojas (Roberto Strumpf, coordenador de projetos do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV)
Saiba mais! - Os dados referentes à emissão individual de cada empresa estão disponíveis no Registro Público de Emissões de Gases de Efeito Estufa: www.fgv.br/ces/registro
Fonte: O Eco/ Lúcia Nascimento