Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
27/07/2010
Mudanças climáticas ameaçam praias brasileiras
Natal - As paisagens das praias brasileiras podem sofrer mudanças significativas com as mudanças climáticas. A maior freqüência de tempestades e a elevação do nível do mar são capazes de transportar imensas quantidades de sedimentos, fazendo com que a faixa de areia se reduza e até desapareça em alguns casos, como explica o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dieter Muehe.
Em apresentação durante a 62a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que ocorre até sexta feita em Natal (RN), Muehe mostrou simulações que sugerem que "com as mudanças climáticas, além da elevação do nível do mar, haverá uma intensificação da freqüência de tempestades excepcionais".
"Então a linha de costa tende a recuar por erosão, mas a praia, quando existe, fica entre o mar e continente, então vai depender se ela tem sedimentos suficientes. Se tiver, cria uma nova praia em posição mais interiorizada, mas se faltar sedimentos ela não tem como se manter, então ela desaparece e a erosão fica mais acentuada, porque não tem mais aquela proteção", disse ao apresentar exemplos como a praia da Macumba no Rio (veja fotos ao lado).
Segundo o pesquisador, uma solução seria a reposição da areia nas praias. A técnica é cara, mas já foi aplicada na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, além de cidades como Fortaleza e Vitória. “Nas praias urbanas, que é onde os prejuízos em termos de erosão costeira são mais intensos pela perda de propriedade, você pode tirar areia de um canto com características semelhantes e recolocar e formar uma praia artificial. Uma das fontes é a plataforma continental, a uma profundidade maior que 10 metros, mas também não muito profundo, porque começa a ter muita lama junto, carbonato.", explicou.
Dieter Muehe considera a formação de praias artificiais uma solução mais adequada do que obras para a contenção do mar. Mas ele lembra que em alguns lugares isso não é possível. Na cidade do Recife, por exemplo, a erosão costeira é um problema crítico. Estudos da Universidade Federal de Pernambuco indicam que, na última década, a praia de Boa Viagem perdeu 20 metros de faixa de areia. Mas a região apresenta um déficit de sedimentos, o que inviabiliza a reposição da areia. Para conter as águas, foi adotada então uma outra técnica, conhecida como enrocamento, que é uma estrutura de pedra erguida de forma paralela à praia.
Para o pesquisador da UFRJ, as diferenças entre cada realidade alertam para a necessidade de se aprofundar os estudos na área. É necessário conhecer melhor quais são as fontes de sedimentos naturais, onde existem jazidas que podem ser exploradas, alem de saber se é mesmo viável manter uma praia artificialmente.
Fonte: O Eco/ Mônica Montenegro. Editora do Programa Salão Verde da Rádio Câmara e está em Natal fazendo cobertura da 62.ª reunião da SBPC)