Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
06/01/2009
Mudança climática ameaça subsistência na África
A mudança climática afetará a bacia do Zambei mais do que qualquer outro sistema de rios no mundo, segundo Kenneth Msibi, especialista em políticas e estratégias de água da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Crescentes inundações, secas e o aumento do nível do mar ameaçarão a subsistência na região. “As freqüentes inundações e as intensas secas serão mais frequentes na região. Necessitamos usar nossos recursos de água como um catalisador do desenvolvimento para não sermos superados pelos efeitos da mudança climática”, disse Msibi.
Por sua vez, a coordenadora do projeto de Adaptação à Mudança Climática na África, Miriam Kalanda-Sabola, afirmou à IPS que as comunidades agrícolas em Malawi e Tanzânia, por exemplo, experimentaram nos últimos 30 anos consideráveis efeitos negativos tanto em áreas semiáridas quanto chuvosas. Em toda a bacia, a agricultura é a mais afetada, e os camponeses já sofrem uma queda em sua produtividade, o que derivará em mais pobreza e insegurança alimentar.
As áreas semiáridas da Tanzânia sofrem uma redução nas colheitas, uma pobre produção pecuária e crescentes doenças nos animais. Muitas comunidades abandonaram cultivos tradicionais. Mas os agricultores nas zonas chuvosas também enfrentam dificuldades. “As áreas chuvosas na Tanzânia sofrem perda de fertilidade do solo, crescimento raquítico dos cultivos e destruição das colheitas”, disse Kalanda-Sabola.
Nas áreas semiáridas do Malawi, as comunidades veem cada vez maiores períodos de fome e perdas de propriedades por causa das inundações, enquanto as secas reduziram a pastagem para o gado. Por outro lado, as áreas chuvosas experimentaram erosão dos solos e frequentes enxurradas, crescente influência da malária e perda de colheitas devido às inundações. “Os mais vulneráveis diante dos efeitos das alterações nas condições climáticas são os pobres, as mulheres, as crianças, as pessoas com menos instrução, os doentes e as comunidades em áreas com infra-estruturas pobres e menos redes sociais”, disse Kalanda-Sabola.
Novas enfermidades também afetam a agricultura, segundo o professor Moses John Chimbari, vice-diretor do Centro de Pesquisa Harry Oppenheimer Okavango, da Universidade de Botswana. Este especialista afirmou que as secas e inundações, causadas pelas altas temperaturas, estão criando um ambiente favorável para doenças como malária e meningite. Disse, ainda, que já há muitos mais episódios de malaria nos países ribeirinhos devido ao clima propicio para os mosquitos provocado pelas mudanças no clima. Para Chimbari, “isto tem um grande impacto na agricultura e nas economias, já que as pessoas estão doente a maior parte do tempo e são menos produtivas”.
Além disso, afirmou que a maioria dos países da bacia do Zambei teem pouca capacidade para se adaptar à alta incidência de doenças, e isto torna as pessoas mais vulneráveis. “Precisamos reverter as tendências que aumentam a vulnerabilidade à mudança climática através da segurança alimentar. De fato, seremos a região mais vulnerável se continuarmos como estamos agora”, disse Chimbari. O pesquisador exortou os Estados a melhorarem sua instalações de saúde e serem capazes de enfrentar os desafios da mudança climática.
As estratégias de adaptação que estão sendo implementadas no Malawi incluem apostar em cultivos resistentes às secas, aumentar a irrigação e usar variedades de colheitas de maturação mais rápida. Na Tanzânia, os agricultores também optam por plantações resistentes à seca e melhoram a irrigação em pequena escala. Além disso, apostam nas redes sociais, como as cooperativas, para cultivar e usam variedades melhoradas de sementes. Kalanda-Sabola elogiou toda essas estratégias e destacou a importância de facilitar o acesso à informação vital e simples sobre o aquecimento do planeta e as variações do clima.
Por: Pilirani Semu-Banda, da IPS
Fonte: Mercado Ético/Envolverde/IPS