Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
02/01/2009
Cientistas apostam em geoengenharia para frear aquecimento
O fracasso mundial em interromper as emissões de gás carbônico da atmosfera e a consequente intensificação do aquecimento global está levando muitos cientistas a pensar em um "plano B" para o problema.
É o que mostra uma pesquisa recente com cientistas realizada pelo jornal britânico "The Independent", em que a maioria defendeu o investimento em projetos de geoengenharia, que consiste em planos artificiais para forçar a absorção de gás carbônico pela natureza.
Esse tipo de medida, que envolve tecnologias altamente controversas -- como fertilizar os oceanos com partículas de ferro para aumentar a quantidade de algas ou mesmo espalhar sulfato no ar para refletir de volta a luz do sol-- já é considerada necessária para boa parte dos cientistas para diminuir as temperaturas do planeta.
Na consulta realizada pelo "Independent" com 80 renomados especialistas em aquecimento global, 54% disseram que a situação está tão ruim que é necessário um plano envolvendo manipulação do clima global para combater os efeitos nocivos das emissões de gás.
Outros 35% dos cientistas discordaram, argumentando que estratégias artificiais poderiam ofuscar o objetivo principal de cortar as emissões de CO2. Os 11% restantes dos pesquisadores disseram que não sabem se uma estratégia de geoengenharia é ou não necessária.
É quase consenso entre todos os pesquisadores, no entanto, que é necessária uma ação emergencial para tratar o problema, já que acordos assinados na última década, como o Protocolo de Kyoto, não tiveram o efeito esperado. Além das emissões de CO2 terem crescido em média 1% ao ano no mundo nos último anos, a absorção natural do gás pelas florestas e oceanos diminuiu drasticamente.
Entre os cientistas entrevistados que defendem o uso de tecnologias para frear o aquecimento global, quase todos dizem que esse tipo de estratégia não deve impedir esforços para que as autoridades tracem políticas para cortar as emissões de gás. Para eles, remediar e prevenir não devem ser opções excludentes.
Planos
As tecnologias e projetos para conter o aquecimento sofrem oposição há vários anos e envolvem medidas arriscadas; algumas delas lembram ficção científica.
Alguns cientistas, por exemplo, sugerem que seria possível refletir a luz solar com um espelho gigante ou um conjunto deles colocados entre a Terra e o Sol. O esquema levantou controvérsia sobre como isso poderia ser controlado, além dos efeitos secundários desconhecidos poderia causar.
Outra ideia é injetar partículas de sulfato artificial na estratosfera, camada superior da atmosfera terrestre. Quem sugeriu o plano foi o ganhador do Nobel Paul Crutzen, após verificar que erupções vulcânicas liberam sulfato suficiente para refletir o calor do sol e baixar as temperaturas da Terra em 0,5 ºC em dois anos. O risco, no entanto, é que a medida pode provocar chuvas ácidas e efeitos nocivos para a agricultura.
O cientista John Latham, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos, em Boulder, no Colorado, trabalha em uma pesquisa para atomizar água do mar e com elas produzir gotículas que formem pequenas nuvens marítimas de baixa altitude para cobrir parte da superfície oceânica. A única matéria prima seria a própria água do mar e o processo poderia ser interrompido facilmente. A ideia, no entanto, só impediria o aquecimento em áreas oceânicas.
Adicionar sais de ferro nos mares foi uma medida pensada para forçar a absorção de CO2 pela natureza. O plano iria multiplicar o crescimento de algas marinhas, que absorvem o gás, que precipitaria para águas profundas. Mas caso animais se alimentem das algas, o gás subiria de volta às superfícies.
Fonte: Folha Online