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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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19/12/2013

Derretimento do Ártico afeta zonas temperadas


Extremos climáticos em países temperados podem ser consequência do derretimento da neve e gelo do Ártico, de acordo com cientistas chineses e americanos

A retração do gelo marinho Ártico – uma perda de 8% por década durante os últimos 30 anos – não é má notícia apenas para os ursos polares. Pode ser má notícia para os cidadãos da Europa e dos Estados Unidos, que gostam de pensar que vivem em uma zona temperada.

Qiuhong Tang, da Academia Chinesa de Ciências, e seus colegas de Pequim e dos EUA reportam na Nature Climate Change que identificaram uma ligação entre a diminuição da neve e do gelo no norte polar e as catastróficas ondas de calor, secas e enchentes nas latitudes médias.

Os últimos anos foram marcados por extremos de calor devastadores na Rússia, Europa e nos EUA, e por inundações sem precedentes no Reino Unido e no Leste da Ásia. No mesmo período, a cobertura de neve e o gelo marinho no Ártico têm estado em retração.

A relação, dizem os cientistas, podem ser as mudanças na circulação atmosférica desencadeadas pela perda de cobertura de neve.

Há razões perfeitamente boas para esperar algum impacto nos sistemas climáticos devido a uma retração da linha de neve. Em primeiro lugar, a neve e o gelo são brancos – ou seja, eles refletem a luz do sol e seu calor – enquanto o oceano, a floresta e a tundra são escuros, e absorvem o calor.

Ligação mais próxima estabelecida

Uma boa precipitação de neve significa muita umidade no solo nos meses de verão, enquanto um solo seco tende a ser mais quente. Então as temperaturas se alteram, no geral. As correntes de ar fluem por causa das diferenças de pressão, que estão relacionadas à temperatura. Então os ventos seriam inevitavelmente afetados.

Mas os pesquisadores foram além dessa generalização, combinando observações de satélite da cobertura de neve e extensão do gelo marinho no Ártico com dados atmosféricos para explorar os efeitos mais ao sul.

Eles descobriram um conjunto distinto de padrões de circulação associados à perda de neve e gelo.

Os ventos atmosféricos superiores do norte se tornam mais fracos, e a corrente de vento se desloca em direção ao norte, o que significa que os sistemas climáticos se tornam mais estáveis. Quanto mais tempo um sistema climático permanece em um local, maior é a probabilidade de que as condições se tornem extremas.

Em 2012, na parte continental dos Estados Unidos, houve o verão mais quente já registrado e o segundo pior para enchentes, furacões e secas. Em setembro de 2012, o gelo marinho no Ártico caiu para seu nível mais baixo. Pode ser apenas o acaso, podem ser apenas dois aspectos do mesmo quadro, mas Tang e seus colegas acreditam que não.

Futuro mais quente

Eles acreditam que a ligação é clara. E veem uma relação ainda mais próxima entre a perda de gelo marinho e uma mudança no padrão de circulação, mesmo que a área do gelo marinho seja apenas metade da área total de neve perdida nos meses de maio e junho.

Isso pode ocorrer porque a maior parte da cobertura de neve do hemisfério norte está sobre a terra, que é coberta por florestas – ou seja, parcialmente escura – ao passo que o mar Ártico só pode ser claro ou escuro.

A ligação não é certa – eles estão expondo a ideia para que outros a contestem ou confirmem, que é a forma como a ciência avança – mas os três autores argumentam que sua pesquisa baseia-se em estudos de outros, que enunciam a mesma conclusão.

E eles não veem as coisas melhorando, nem para os ursos polares, que precisam do gelo marinho para caçar, nem para os agricultores nas grandes planícies dos EUA ou moradores de cidades sobre várzeas e estuários no mundo temperado.

“À medida que os gases do efeito estufa continuam a se acumular na atmosfera e todas as formas do gelo Ártico continuam a desaparecer, esperamos ver mais aumentos nos extremos de calor no verão e nos principais centros populacionais em grande parte da América do Norte e da Eurásia, onde bilhões de pessoas serão afetadas”, concluem eles.

Fonte: Tim Radford / Climate News Network / Instituto CarbonoBrasil


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