Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
13/01/2014
Casa Branca relaciona frio intenso à mudança climática
Governo norte-americano afirma que o aquecimento do Ártico está por trás da onda de frio no país, mas ainda há dúvidas entre cientistas e, principalmente, entre a opinião pública
Em um vídeo oficial postado no portal da Casa Branca nesta quarta-feira (8), o conselheiro científico do presidente Barack Obama, o pesquisador John Holdren, argumenta que a onda de frio intenso que vem assolando a América do Norte, e que já resultou na morte de pelo menos nove pessoas, é o tipo de evento climático extremo que ficará mais frequente por causa do aquecimento global.
“Se você tem ouvido que o frio extremo, como o que estamos vendo nos Estados Unidos, é uma prova de que o aquecimento global é uma fraude, não acredite”, declara Holdren.
O pesquisador explica que o aumento das temperaturas no Ártico, que está acontecendo quase duas vezes mais rápido do que a elevação nas temperaturas nas regiões de médias latitudes, torna mais comum ondas de frio.
“Veremos maiores incursões de ar gelado em direção ao sul, assim como o ar quente também avançará mais para o norte”, completou.
Essa também é a opinião de diversos climatologistas, que acreditam que a elevação das temperaturas no Ártico está enfraquecendo o chamado vórtice polar, uma espécie de ciclone permanente nos pólos do planeta que age retendo o frio extremo. Com um vórtice polar mais fraco, o ar gelado consegue ‘fugir’ para o sul com mais facilidade.
“O aquecimento do Ártico está alterando as correntes de ar no Hemisfério Norte. A persistência desse padrão de frio intenso nas latitudes médias de forma incomum é algo que já prevíamos e que se encaixa perfeitamente nos cenários e modelagens climáticas que levam em conta o aquecimento global”, argumentou Jennifer Francis, pesquisadora da Universidade Rutgers, ao site de notícias ClimateCentral.
Mas nem todos pensam assim, e a posição assumida pelo governo norte-americano deu ainda mais força para aqueles que defendem que a teoria do aquecimento global é uma fraude motivada por interesses políticos.
“Esse inverno é a prova definitiva de que tudo é uma farsa. É risível o esforço para tentar manter a fachada de que o aquecimento global é verdadeiro diante de tanto frio”, atacou o senador republicano Jim Inhofe.
O comentarista político Rush Limbaugh, uma das principais vozes dos conservadores nos EUA, também não poupou críticas, e sugeriu inclusive que o vórtice polar é uma invenção da imprensa liberal.
“A mídia tenta passar a imagem de que mesmo esse frio intenso está relacionado ao aquecimento global. Estão desesperados para defender o que, por um motivo ou outro, têm interesse em defender. Até deram um nome chamativo para o frio: o vórtice polar. O ameaçador vórtice polar”, disse Limbaugh em seu programa de rádio.
Depois o comentarista acabou sendo corrigido pelo climatologista Michael Mann, que escreveu em uma rede social: “O vórtice polar não é fruto da ‘imprensa liberal’. É o básico da meteorologia, sem política”, explicou, anexando a imagem de um livro de 1959 que já apresentava o conceito do vórtice polar.
Mas não são apenas os políticos republicanos que contestam a relação entre o frio intenso e as mudanças climáticas, alguns pesquisadores alegam que ainda existem muitas dúvidas sobre essa questão.
“O vórtice polar e suas flutuações são conhecidos há décadas, e isso não tem nada a ver com mais ou menos dióxido de carbono na atmosfera”, afirmou o físico Will Happer, em sua página pessoal no portal da Universidade de Princeton.
“Estamos vendo um padrão amplificado de um fenômeno já conhecido. Assim como registramos às vezes recordes de calor, temos recordes de frio. Esse é o único fato ao qual podemos nos apegar. Ainda não sabemos o suficiente para destacar tendências para esses extremos”, disse o climatologista David Robinson à FoxNews.
Apesar das dúvidas, alguns cientistas se mostram seguros em defender a teoria do aquecimento global.
Segundo um artigo publicado por Richard Alley e David Pollard, ambos pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvânia, é bom lembrar que, mesmo com a onda de frio no final do ano, boa parte do Hemisfério Norte seguirá com uma média de temperaturas mais de 0,5ºC acima da média do século.
“Podemos afirmar com confiança que o planeta está aquecendo. Registros de temperaturas feitos pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) mostram isso – assim como os da NASA, do projeto Terra de Berkeley (financiado pela indústria dos combustíveis fósseis), do Centro Hadley e de diversos outros”, escreveram.
“Termômetros posicionados distantes de cidades [para evitar a influência de efeito estufa local na medição] mostram aquecimento, também confirmam isso os colocados no solo, nos oceanos e em balões. Mesmo os seres vivos já demonstram sinais do aquecimento do planeta”, concluíram.
Fonte: Fabiano Ávila / Instituto CarbonoBrasil