Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
18/02/2014
Fiji afirma que receberá toda a população de Kiribati se país for engolido pelo oceano
Kiribati, uma nação no Pacífico formada por 32 ilhas e com uma área total de 811km², pode ser um dos primeiros Estados do planeta a sumir devido ao aumento do nível do mar.
De acordo com uma estimativa do Banco Mundial, se nada for feito, a capital Tarawa, onde vive metade da população, terá boa parte de sua área (até 80% em alguns bairros) permanentemente inundada até 2050.
Além disso, eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos, como tempestades e altas marés, já provocam grandes inundações de água salgada, contaminando lençóis freáticos e prejudicando a fertilidade do solo.
O governo local inclusive já se viu forçado a comprar dois mil hectares de terras em países vizinhos para manter o fornecimento de alimentos para seus 100 mil habitantes.
Uma oferta de ajuda nesta semana demonstrou como a situação é de fato preocupante. O presidente de Fiji, Epeli Nailatikau, afirmou que está disposto a fornecer residência para parte ou até mesmo para toda a população de Kiribati.
“Se o nível do mar continuar a subir porque a comunidade internacional não age para lidar com o aquecimento global, não viraremos as costas aos nossos vizinhos em sua hora de necessidade. Receberemos todos os kiribatianos se for necessário”, declarou Nailatikau em uma visita à Tarawa.
“Se o pior cenário se confirmar, vocês não serão refugiados. Planejaremos uma migração com dignidade para que o espírito do povo de Kiribati não seja extinto”, completou.
Apesar da boa vontade de Fiji, não está claro se o país terá condições de receber 100 mil migrantes, uma vez que possui apenas 900 mil habitantes e que também está sofrendo com as mudanças climáticas.
“Sabemos como é difícil para Fiji oferecer esse tipo de ajuda...mas nossa situação é muito complicada”, afirmou Anote Tong, presidente do Kiribati.
Porém, a nação ainda não se entregou ao destino de desaparecer e tem adotado diversas medidas de adaptação e mitigação climática.
Uma dessas ações é o plantio de manguezais na costa, ecossistemas que agem como uma barreira natural e ajudam a minimizar as enchentes. Também, com a ajuda de recursos do Banco Mundial, da Austrália e do Japão, estão sendo feitas melhorias nos sistemas de armazenamento de água e na infraestrutura.
O país chegou a traçar outras opções, como criar paredões que custariam cerca de US$ 1 bilhão para conter o aumento do nível do mar, ou construir ilhas artificiais parecidas com as que existem em Dubai para abrigar os habitantes, ao custo de US$ 2 bilhões. Mas não conseguiu captar recursos suficientes para tirar esses projetos do papel.
“As mudanças climáticas são um desafio sem precedentes e precisamos pensar em soluções inovadoras. Encaramos uma ameaça nunca enfrentada antes por ninguém, não temos exemplos para seguir”, disse Tong.
Em setembro do ano passado, 13 Estados insulares do Pacífico assinaram a declaração de Majuro, se comprometendo a tomar medidas urgentes para lidar e se adaptar às mudanças climáticas.
A declaração traz duras críticas aos países industrializados, que estão postergando a criação de um acordo climático internacional para limitar as emissões de gases do efeito estufa.
Fonte: Fabiano Ávila/ Instituto Carbono Brasil