Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
13/01/2009
Comércio de carbono não ficará imune á crise em 2009
Depois de crescimentos espetaculares nos últimos três anos, a dúvida agora é se o mercado de carbono terá fôlego para enfrentar os reflexos da crise econômica e continuará em ascensão em 2009. Especialistas deixam claro que o volume de negociações seguirá em alta, porém o ritmo será bem menor do que o alcançado no ano passado, quando o aumento, em termos financeiros, foi de 84% em relação a 2007.
O principal impacto da crise econômica está relacionado com as emissões das empresas que participam no sistema de comercio de emissões da União Européia (EU ETS). Com a desaceleração da produção, há uma diminuição no volume de gases do efeito estufa lançados na atmosfera. “Isto significa uma redução na demanda por licenças de emissões e, portanto, no seu preço”, alerta o gerente sênior de créditos de carbono da filial latino-americano da Suez Energy, Philip Hauser.
No entanto, analistas do banco francês Societe Generale afirmam que as emissões da União Européia ficarão acima das cotas distribuídas no EU ETS. A previsão é de falta de permissões (chamadas de EUAs), porém a importação de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) deve ser suficiente para suprir esta demanda. Com isso, nenhuma redução de emissões precisará ser promovida dentro das indústrias e prestadoras de serviço do bloco.
Hauser diz que, para fazer uma avaliação do mercado, é preciso entender os fatores que influenciam três variáveis: o volume de créditos de carbono disponíveis, os preços e o giro. “No caso das permissões, não acho que haverá grande impacto no volume ou no giro. Portanto o montante negociado em 2009 deve ser inferior ao do ano passado, simplesmente porque o preço médio deve se manter bem abaixo da média do ano anterior”.
Preços em queda
Em um relatório de análise do mercado para este primeiro trimestre do ano, o Societe Generale diz que o colapso dos preços das RCEs e das EUAs foi comparável ao que aconteceu com outros ativos financeiros por todo o mundo, assim como o aumento da volatilidade que atingiu o Esquema de Comércio de Emissões da União Européia (EU ETS).
O diretor comercial da consultoria Mundus Carbo, Felipe Bittencourt, concorda com a análise do banco francês sobre os reflexos da crise econômica no mercado de carbono. “Os valores de face e a futuro dos créditos de carbono caíram consideravelmente, seguindo o que aconteceu com diversas ações no mercado financeiro”, afirma.
Isso faz com que projetos não se tornem viáveis e, mais do que isso, leva os proprietários a preferirem segurar os créditos à espera de uma futura recuperação do mercado, ao invés de vendê-los neste momento mais crítico da crise.
Devido a rápida deterioração da situação econômica, o banco também reduziu a previsão dos preços tanto das EUAs quanto das RCEs. Para este ano, a expectativa é que as EUAs sejam negociadas em cerca de €17 e as RCEs, em €16,5, cenário que se mantém em 2010 caso não ocorra muitas variações com relação a entrada de RCEs e créditos dos projetos de implementação conjunta no mercado.
Para 2011 e 2012, as EUAs devem subir em direção a €20 e as RCEs devem variar entre €18 e €19, um corte considerável em comparação com as estimativas anteriores do banco - €37 para as EUAs e €27 para as RCEs.
Previsões para o MDL
Bittencourt ressalta que os países com metas a cumprir no Protocolo de Quioto estarão mais dispostos a pagar um preço maior pelas RCEs quanto mais próximo de 2012, quando termina o acordo climático.
Isto impacta diretamente os países em desenvolvimento, como o Brasil, pois são eles que hospedam os projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que geram as RCEs. “Por isso, a tendência é que os projetos sejam vendidos a médio prazo”, explica Bittencourt.
Hauser aposta no crescimento das negociações de RCEs secundárias, que são aquelas vendidas por consultorias, que assumem os riscos e garantem os créditos mesmo que o desenvolvedor do projeto não consiga entregá-los. Hoje este mercado está limitado por causa da reduzida e incerta expectativa de geração de RCEs.
“Na medida em que as RCEs são emitidas e as carteiras de projetos atingem uma maturidade suficiente para garantir a entrega ao comprador, o volume negociado deve crescer e compensar os preços inferiores”, explica.
Essa oferta pode, contudo, trazer uma pressão adicional aos preços, o que Hauser supõe que ocorrerá apenas em 2010. “De qualquer forma, o mercado entendeu pouco o real impacto da crise nas emissões e, consequentemente, no mercado. Portanto, é bem provável que teremos muita volatilidade pela frente”, prevê.
Por: Paula Scheidt, do CarbonoBrasil
Fonte:Envolverde/CarbonoBrasil