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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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05/02/2009

Democratas divergem sobre papel do carvão na energia dos EUA


O ex-vice-presidente americano Al Gore e a sua ONG, a Aliança para Proteção do Clima, dizem que a tecnologia de carvão limpo é uma fantasia. A Peabody Energy, maior produtora americana de carvão, diz que outro importante político democrata se comprometeu em tornar a tecnologia uma realidade: o presidente Barack Obama.

Essa divergência Gore-Obama ilustra um crescente debate nos EUA, justamente quando o novo presidente tenta cumprir sua promessa de reduzir as emissões de dióxido de carbono no país em 80% em torno de 2050. Dependendo de quem opina, o carvão é vilão ou parte da solução.

"As companhias do setor carbonífero estão dizendo que necessitamos de carvão limpo", disse Mark Maddox, ex-diretor do birô de energia fóssil do Departamento de Energia no governo do presidente George W. Bush, em entrevista. "Ambientalistas estão dizendo que não existe carvão limpo, e não vamos ajudá-los nisso". O carvão está no centro da discussão sobre a denominada energia verde porque o combustível provê metade da eletricidade nos EUA - e causa 30% das emissões de gases que provocam o efeito estufa, que contribui para o aquecimento global.

A questão, colocada em campanhas adversárias de TV, é se a política energética americana deveria ser baseada no que ainda é, em larga medida, uma suposição: de que uma tecnologia pode ser capaz de capturar as emissões de carbono antes que elas sejam lançadas no ar e armazená-las permanentemente no subsolo.

Caracterizando o carvão limpo como uma miragem, o primeiro comercial da Aliança para a Proteção do Clima, exibido na TV aberta e nas redes de TV a cabo desde dezembro passado, tem um apresentador mostrando "a atual tecnologia de carvão limpo" com gestos mostrando um terreno vazio. Em uma novo comercial agora em exibição, um ator no papel de executivo de uma companhia de carvão diz: "Não se preocupem com mudança climática, deixem isso para nós". Os comerciais são o começo de uma campanha em defesa de energia limpa organizada pelo ONG, que tem sede em Menlo Park, na Califórnia. Gore é o fundador e presidente da entidade.

Depois que os ambientalistas começaram a exibir seus comerciais contra o carvão, propaganda contrária foi produzida pelas empresas, tendo à frente a Peabody, de St. Louis, e operadores de usinas de eletricidade a carvão, como a Southern, de Atlanta, e a American Electric Power, de Columbus, Ohio. Os comerciais do setor carbonífero tentam apoiar-se nas credenciais de Obama como defensor de energia limpa, exibindo trechos de um discurso que ele pronunciou em Lebanon, na Virginia, em setembro passado.

"A tecnologia de carvão limpo é algo capaz de tornar os EUA energeticamente independentes", diz Obama no comercial. "Acreditamos que é importante fazer tudo o que podemos para divulgar um outro lado da história", afirmou, em entrevista, Michael Morris, executivo-chefe da American Electric Power (EAP).

Produtores de eletricidade gastaram US$ 36 bilhões com carvão em 2007, e consumidores pagaram US$ 343 bilhões por eletricidade de todas as fontes, ou quase 3 % do Produto Interno Bruto (PIB) americano, segundo dados da Administração de Informações Energéticas (AIE).

As perspectivas para a nova tecnologia foram redimensionadas no ano passado, quando Samuel Bodman, secretário de Energia do governo Bush, cancelou planos de construção de uma usina-piloto de carvão limpo em Illinois. O custo das instalações, inicialmente estimado em US$ 1 bilhão, tinham disparado para pelo menos US$ 1,8 bilhão. Bodman disse que bancar a tecnologia em diversas usinas "faria muito mais sentido do ponto de vista econômico".

A Câmara aprovou uma versão do plano de estímulo econômico de Obama prevendo alocar US$ 2,4 bilhões para o desenvolvimento de tecnologias para captura e armazenamento do carbono, segundo um resumo divulgado pela deputada Nancy Pelosi, da Califórnia, presidente da Câmara. A versão agora no Senado inclui ao menos US$ 4,6 bilhões para esse fim, segundo Bill Wicker, porta-voz do presidente da Comissão de Energia do Senado, Jeff Bingaman, um democrata do Novo México.

Obama, que prometeu gastar US$ 150 bilhões em dez anos para combater as mudanças climáticas e criar assim milhares empregos "verdes", não disse quanto dinheiro deveria ser alocado à tecnologia de carvão limpo.

"É bastante responsável apoiar pesquisas vigorosas para testar se, no futuro, poderia tornar-se possível capturar com segurança e seqüestrar o gás carbônico de usinas a carvão", disse Gore em depoimento na semana passada perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado. "Mas não deveríamos nos iludir sobre a probabilidade de que isso vá ocorrer no curto prazo ou mesmo no médio prazo."

Embora Gore continue cético, grupos empresariais do setor carbonífero estão animados com o fato de que membros do governo Obama moderaram seus comentários anteriores sobre o carvão, segundo Luke Popovich, vice-presidente da National Mining Association, de Washington, que representa os produtores de carvão.

O secretário de Energia de Obama, Steven Chu, havia se referido ao carvão como seu "pior pesadelo", num discurso em 2007. Na audiência em que foi confirmado pelo Senado, em 13 de janeiro, Chu disse que o combustível é um "ótimo recurso natural", que "os EUA, com sua grande liderança tecnológica, deveriam se empenhar em desenvolver".

Por: Daniel Whitten
Fonte: AmbienteJá/Bloomberg/Valor Econômico


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