Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
12/11/2008
Mudanças Climáticas Irreversíveis e Imprescindíveis Políticas de Adaptação
A Agência Internacional de Energia, que NÃO É UMA ONG AMBIENTALISTA, informa que as temidas mudanças climáticas são inevitáveis. Com as atuais tendências ao consumo de combustíveis fósseis e o consequente aumento dos níveis de concentração de CO na atmosfera, a Agência fala num aumento de temperatura entre 3 (Folha de São Paulo) e 6 graus Celsius (New Scientist).
Até agora, o Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas afirmava que uma elevação entre 1 e 5 graus Celsius seria suficiente para causar sérios impactos no meio ambiente. A possibilidade de um aumento de 6 graus não era sequer considerada. E já não se fala mais em “até 2100”, mas em 2030.
O relatório de 2008 da Agência Internacional de Energia (www.iea.org) sobre as fontes e usos de energia no mundo será divulgado no dia 12.11.2008, em Londres, mas algumas informações nele contidas já começam a ser publicadas aqui e ali.
“Mesmo que toda a nova geração de energia de 2009 a 2020 for livre de qualquer emissão de carbono, a redução dessas emissões ao final do período será de apenas 25% do total emitido em 2006.” – afirma o relatório da Agência. Nesse relatório, não são consideradas as gigantescas emissões de metano decorrentes do degelo no Ártico, assunto aqui mencionado em artigo recente.
Para reduzir esse aumento de temperatura a níveis considerados aceitáveis, seria preciso que os países ditos desenvolvidos diminuíssem as suas emissões em 80% até 2050 e que os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos também aceitassem estabelecer limites para as suas emissões. Mas isso é quase impossível, tanto do ponto de vista tecnológico quanto político.
De fato, os políticos não ousam sequer mencionar a possibilidade de limitar o crescimento econômico. E mesmo Obama, com todo o poder que as recentes eleições lhe conferiu, fala, no máximo, na criação de milhões de “empregos-verdes”, sem dizer como. Já se foi o tempo de grandes lideranças políticas – os políticos de hoje dizem apenas o que os eleitores querem ouvir.
Nicholas Stern, o renomado coordenador de um estudo sobre mudanças climáticas encomendado pelo Tesouro do Reino Unido (UK Treasury), declarou, em recente entrevista na TV Cultura, que as previsões feitas há dois anos foram muito conservadoras.
Com isso, todos os demais problemas ambientais passam a ser periféricos. A prioridade absoluta passa a ser – como de fato já deveria ser há algum tempo – a elaboração de políticas de adaptação a uma nova realidade. Isso é o que os países sérios vêm fazendo.
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Para os que não acompanham o assunto de perto, vale lembrar que o Instituto Nacional de PesquisaS EspaciaIS - INPE, que tampouco é uma ONG mas um órgão do governo brasileiro, e onde não trabalham “ambientalistas” mas cientistas, entregou, há quase dois anos, ao presidente Lula, um extenso relatório sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil. Nele, os autores do relatório sugerem que o governo brasileiro se prepare para remover cerca de 46 milhões de pessoas do litoral. O relatório descreve, também, um semi-árido nordestino transformado numa região desértica ou quase, e a Amazônia caminhando em direção a uma savana.
Fonte: Portal do Meio Ambiente
Por Luiz Prado