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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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22/02/2009

Mar subirá 1,80 m até 2100, diz estudo


Cálculo de cientista alemão feito com dados mais robustos revê previsão oficial do painel do clima da ONU em 200%

Medições feitas por francesa comprovam que velocidade do fenômeno -alimentado pelo aquecimento global-aumentou para o dobro

A velocidade com que o nível do mar está subindo agora é quase o dobro daquela verificada no século 20. Já se sabia que o fenômeno -alimentado pelo aquecimento global- era grave, mas os dados mais recentes, coletados desde 1993, mostram que a elevação da linha d'água até 2100 será de 1,80 metro, mais do que o dobro da prevista pelo painel do clima da ONU.

"Entre 1993 e 2008, a taxa média global registrada foi de 3,4 mm por ano", disse à Folha a pesquisadora francesa Anny Cazenave, do Centro Nacional de Estudos Espaciais de Toulouse (França). Esse número, obtido por medições de satélite que geraram uma série histórica inédita, ganha um ar de gravidade quando comparado a outro: entre 1950 e 2000, a elevação média do mar era de 1,8 mm por ano, diz a cientista.

"Mas a maior surpresa não é essa", diz Cazenave, que apresentou suas recentes medições -processadas até dezembro- na reunião da AAAS (Sociedade Americana para o Avanço da Ciência), encerrada na semana passada em Chicago.

"As causas dessa aceleração do nível do mar também mudaram", diz. Entre 2003 e 2008, o derretimento das geleiras e dos mantos de gelo (Groelândia e Antártida) contribuiu com 80% da elevação. A expansão térmica -o aumento de volume da água pelo aquecimento- ajudou com cerca de 20%.

Na virada do século, porém, o cenário ainda era diferente. Entre 1993 e 2003, o aquecimento da água do mar explicava 50% do fenômeno, enquanto as massas de gelo respondiam por 40%. (Ainda não existem dados para explicar os 10% que fechariam a conta.)

Para os cientistas, não há dúvida: as atenções devem ser voltadas agora para regiões como o Ártico, a Antártida e as demais geleiras continentais. Entre essas áreas, o norte da Terra é o mais rico em gelo.

Um metro a mais

"Hoje, tanto os mantos de gelo quanto as geleiras continentais [na Antártida, na Groelândia, nos Andes ou no Himalaia] têm igual relevância, mas tudo indica que os primeiros serão cada vez mais importantes daqui para a frente", disse Stefan Rahmstorf, pesquisador da Universidade de Potsdam (Alemanha), que apresentou suas pesquisas no evento da AAAS, às margens do rio Chicago.

As contas do pesquisador alemão sobre o futuro do nível médio do mar indicam que os modelos apresentados até hoje estão otimistas demais. "Em 2100, posso dizer agora, o nível dos oceanos deverá estar aproximadamente um metro acima do que estava previsto pelo modelo [mais pessimista] do IPCC", o painel do clima das Nações Unidas que contou com a participação de Rahmstorf.

Acreditava-se que nível do mar não deveria subir mais do que 60 cm até 2100 (comparado com 1980-1999). Agora, porém, estima-se a marca de 1,80 metro. "E o nível do mar não vai parar de subir em 2100. Ele poderá chegar até 3,5 metros em 2200 e bater os 5 metros em 2300", disse Rahmstorf. No passado, mostrou o pesquisador, o nível do mar atingiu o pico há 40 milhões de anos. As águas estavam mais de 70 metros acima do que estão hoje.

Apesar de um nível do mar elevado não ser novidade para o planeta, a espécie humana, que surgiu há apenas 200 mil anos, nunca viu algo assim.
De acordo com Cazenave, as medições já feitas nestes últimos 16 anos mostram três regiões onde a subida do nível do mar já é realidade. "As áreas mais afetadas são o oeste do oceano Pacífico, o litoral da Austrália e também a Groelândia", diz a cientista.

Como as previsões não são uniformes, e levam em conta valores médios, uma pergunta de interesse pessoal foi feita por um espectador da palestra em Chicago. "Sou da Flórida. Quero saber o que vai ocorrer lá", disse. "Vocês [cientistas] é que têm de dizer onde o mar subirá nos próximos anos."
Mas os cientistas silenciaram, e a questão também continua aberta para quem vive na Califórnia, no Taiti ou no Recife. Diante da dúvida, o melhor que cidades costeiras têm a fazer é se prepararem para o pior.

Por: Eduardo Geraque, enviado especial a Chicago
Fonte: Folha de S. Paulo


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