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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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02/03/2009

Mudanças climáticas: Washington vai ferver


A falta de ação por parte dos Estados Unidos em matéria de mudança climática esgotou a paciência de jovens ambientalistas que decidiram organizar várias mobilizações para hoje. Mais de 10 mil pessoas, em sua maioria jovens, se reunirão em Washington para reclamar das autoridades a imediata regulamentação de uma redução significativa das emissões de dióxido de carbono. Vários cientistas revelaram na semana passada que o clima é mais sensível ao aumento de temperatura do que o previsto.

Também para hoje, pelo menos duas mil pessoas, lideradas pelo cientista James Hansen, da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), preveem interromper o funcionamento da central elétrica movida a carvão que fornece energia ao Capitol Hill, sede de vários edifícios governamentais, entre eles o Congresso, inclusive, violando a lei, se necessário. “Há mais de 30 anos, cientistas, ambientalistas e todo tipo de pessoas reclamam que as autoridades tomem medidas para deter o aquecimento do planeta. Continuamos esperando”, disse Hansen, especialista em clima.

“O mundo espera que o governo de Barack Obama e o Congresso liderem este assunto. Devem começar por tirar o carvão” da sede legislativa, diz uma declaração do especialista. Durante todo este tempo, Hansen “foi uma voz que demonstrou coragem em assuntos sobre mudança climática”, disse Michael Crocker, do capítulo norte-americano do Greenpeace, que integra juma coalizão de mais de 40 organizações ambientalistas por um melhor sistema de saúde e por justiça social.

Hansen e outros cientistas provaram que as centrais movidas a carvão são as principais fontes de emissões de e se todos os países fossem fechadas até 2030 haveria chances reais de estabilizar o clima. O carbono também é um dos principais fatores de contaminação do ar que mata centenas de milhares de seres vivos. Além disso, é a maior fonte das emissões tóxicas de mercúrio. A exploração dessa substância tem consequências significativas para o meio ambiente e a saúde.

“O argumento de que há algo chamado carbono limpo é, simplesmente, uma mentira”, segundo os escritores Wendell Berry e Bill McKibben, que também participam da organização do fechamento da central. “É possível que ocorram detenções”, disse Crocker. “Este é o começo de uma série de mobilizações que acontecerão até o governo adotar verdadeiras medidas para preservar o clima”, acrescentou.

Os Estados Unidos devem ter uma legislação que reduza drasticamente as emissões de dióxido de carbono e fomente fontes de energia limpa antes das negociações de Copenhague, em dezembro, onde a comunidade internacional tentará forjar um acordo sobre mudança climática mais significativo, disse a diretora da Energy Action Coalition (Coalizão Ação para a Energia), Jessy Tolkan. Integrada por pessoas com menos de 30 anos, esta coalizão organizou outra ação, que complementa a anterior. Mais de 10 mil jovens de todos os Estados do país irão até Washington cobrar do Congresso medidas para frear a mudança climática.

“Haverá muitos jovens de diversas origens sociais”, disse Tolkan. Não serão apenas universitários dos Estados do nordeste, acrescentou. Haverá jovens que “foram vítimas da contaminação do ar causada pelas energias sujas, indígenas prejudicados pela mineração, outros de origem latino-americana a favor de empregos em setores limpos, filhos de trabalhadores da indústria automobilística reclamando transporte que não contamine e cristãos evangélicos que defendem uma gestão melhor do meio ambiente”, afirmou.

Os jovens, preocupados com a economia, mas “atemorizados” com a mudança climática, viram que chegou a hora de tomar medidas drásticas a respeito e criar uma nova economia verde, disse Tolkan. A coalizão juvenil defende a criação de cinco milhões de empregos em indústrias que não contaminem para “transformar o Meio Oeste norte-americano em uma Arábia Saudita eólica e o sudoeste em uma solar”, ressaltou. Como Meio Oeste se conhece a região central dos Estados Unidos. “É a solução para muitos problemas, inclusive o fim das guerras por petróleo”, afirmou.

Para conseguir seu objetivo, a organização programou para hoje mais de 325 reuniões com quase todos os membros do Congresso. Mais de 500 estudantes de Virginia se reunirão com os dois senadores de seu Estado para cobrar uma “legislação justa e forte em matéria de clima”, afirmou Laura Comer, estudante da Universidade Hofstra, de Nova York. “Será o dia com mais lobby da história dos Estados Unidos”, disse à IPS Comer, que é voluntária na coalizão. “Sabemos que a climatologia tem bases sólidas e sabemos quais medidas temos de tomar para sobreviver”, disse.

As previsões científicas são cada vez mais terríveis. A revista Proceedings of the National Academy of Sciences disse esta semana que um aumento da temperatura global inferior a 1,8 graus pode casar “mais secas, ondas de calor e inundações”, o que implicaria escassez de água, maior frequência de incêndios florestais e mais transbordamentos. Antes, os cientistas acreditavam que isso ocorreria se a temperatura aumentasse 0,8 grau, e mesmo se fossem eliminadas todas as emissões de dióxido de carbono, superaria 1,8 grau, segundo outros informes científicos.

Comer disse que os jovens se deram conta de que não basta apoiar o presidente Obama, que deu prioridade aos assuntos ambientais, porque já sabem que muitos legisladores não compartilham de sua idéia para tomar medidas imediatas e fortes em matéria de clima e tornar verde a economia do país. Os legisladores ficaram “surpresos” com toda a organização e a quantidade de jovens que reuniram fundos para viajar até Washington e se reunirem com seus representantes para explicar-lhes a importância que o assunto tem para eles, ressaltou Comer. “As gerações mais velhas falharam conosco, por isso desta vez que não se façam de distraídos porque estaremos observando”, acrescentou.

Por: Stephen Leahy

Fonte: AmbienteJá/IPS/Envolverde


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