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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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23/03/2009

Com 1% do PIB ao ano, país poderia reduzir emissões em 70%


Que o Brasil está entre os quatro ou cinco maiores emissores de gases-estufa na atmosfera não é nenhuma novidade - o fato novo é que o país também está entre um dos cinco com maior potencial de reduzir suas emissões. Terá que encarar o problema de frente para zerar o desmatamento e profissionalizar a agropecuária e, com isto, abater emissões que representam 85% do total. São investimentos de R$ 17 bilhões ao ano para chegar a 2030 com a Amazônia preservada. Se destinasse 1% do PIB ao ano, nos próximos 21 anos, o Brasil conseguiria reduzir suas emissões em 70%, o que é um panorama auspicioso num mundo que começa a falar o discurso da economia de baixo carbono, mas não sabe bem como fazer isso.

Quem fez os cálculos na ponta do lápis foi a empresa de consultoria McKinsey no estudo "Caminhos para uma economia de baixa emissão de carbono no Brasil". Trata-se de um esforço orquestrado que o grupo empreendeu em vários países. A conclusão é que cerca de 200 iniciativas em dez grandes atividades econômicas distribuídas em 21 regiões do mundo poderiam reduzir as emissões globais em 55%. São sugestões do caminho das pedras que os negociadores internacionais do clima buscam para chegar a um acordo em Copenhague, no fim de 2009.

No caso brasileiro, ilustra o estudo, seriam 120 oportunidades de reduzir as emissões. Os resultados do trabalho indicam que o país conseguiria cortar emissões estimadas em 2,8 GtCO2 para 0,9GtCO2 em 2030. Promover uma redução anual de 1,9 GtCO2 significa reduzir 70% das emissões. Parte dos recursos poderia vir do mercado internacional de créditos de carbono. Parte poderia vir a reboque da implementação de um programa de reflorestamento em larga escala. "O Brasil tem potencial de assumir papel de destaque na luta contra a mudança climática e até se beneficiar", aposta Stefan Matzinger, coordenador do estudo e sócio-diretor da McKinsey no Brasil. "O país pode reduzir em 70% as emissões sem prejudicar a trajetória de crescimento da economia."

Não há varinha de condão. O estudo da consultoria é o primeiro a elencar ações que, evidentemente, reforçam instituições e o controle do Estado na região, mas que também miram a criação de empregos formais e a melhoria dos índices de desenvolvimento humano da população rural como forma de preservar a Amazônia. Assim, enumera iniciativas de regularização da posse e dos direitos de propriedade, contratação de policiais e inspetores para rastrear a cadeia da carne, agentes que monitorem remotamente a produção de soja e sistemas de custódia da madeira. Em outra ponta, cita a finalização do zoneamento econômico ecológico da região, a remuneração de comunidades tradicionais no monitoramento de florestas e plantio de árvores nativas e a melhora dos sistemas de saúde e de educação.

O setor agrícola é o segundo mais importante nas emissões brasileiras. O estudo projeta um crescimento das atividades agrícolas de 40% entre 2005 e 2030. O setor emite 21% do total de gases-estufa do Brasil. Aqui, trata-se do óxido nitroso e do metano, o primeiro pelo uso excessivo de fertilizantes e o segundo, pelas emissões do gado em seu processo digestivo. Uma melhoria na gestão de pastos, com aumento da criação bovina (hoje limitada a cerca de uma cabeça por hectare) impulsionada pelo aprimoramento dos pastos utilizados, com gestão de incêndios e de irrigação, e melhores práticas de fertilização já resultariam em menos emissão. Uma dieta alimentar mais adequada e até o uso de medicamentos que selecionam as bactérias desejáveis e controlam as indesejáveis no processo de fermentação dos alimentos poderia reduzir a eliminação de metano da pecuária.

"Não queremos abordar este ponto pelas soluções exóticas, mas pelo o que já existe e é tradicional" diz Matzinger. A ideia é acelerar o ciclo de vida do gado, produzir a mesma arroba de carne de modo mais eficiente e veloz. "Muitas destas questões não passam por tecnologia de ponta. O desafio, que não pode ser subestimado, é de implementação", diz Marcus Frank, diretor da divisão de mudança climática da empresa.

Por: Daniela Chiaretti
Fonte: AmbienteJá/ Valor Econômico


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