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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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30/03/2009

Focas do Báltico ficam sem gelo


Berlim, 30 de março (Terramérica) - A s focas aneladas do Mar Báltico estão ficando sem as grutas geladas onde engordavam seus filhotes. Dessa forma, por culpa do aquecimento global, pode desaparecer o alimento do urso polar, afirmam cientistas. Desde que o filme Uma verdade inconveniente mostrou um urso polar (Ursus maritimus) nadando para um solitário e quebradiço bloco de gelo, o risco de extinção dessa espécie se converteu em símbolo das consequências da mudança climática. Essa cena do documentário feito pelo ex-presidente dos Estados Unidos Al Gore não foi filmada ao vivo, mas editada em computador. Porém, sua mensagem é coerente com os prognósticos de muitos pesquisadores: o urso polar está em perigo.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica essa espécie como “vulnerável” e considera a mudança climática sua principal ameaça, sobretudo porque o derretimento das geleiras do Polo Norte, que constituem seu habitat, reduz suas possibilidades de alimentação. O principal alimento dos ursos polares são as focas, entre elas as aneladas (Pusa hispida), cujo habitat se estende das regiões árticas ao Mar Báltico. De acordo com o último informe do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o degelo quase total de algumas regiöes do Báltico, em especial os golfos de Botnia e de Riga, e o arquipélago de Aland, colocam em risco a subsistência das focas recém-nascidas nessa área.

O Golfo de Botnia, entre Suécia e Finlândia, é a região mais setentrional do Báltico e o Golfo de Riga está situado entre Letônia e Estônia. O arquipélago Aland, sob jurisdição finlandesa, é constituído por cerca de 6.500 ilhas, também localizadas entre Suécia e Finlândia. “As focas aneladas dão à luz em meados de fevereiro e se abrigam em grutas formadas no gelo flutuante, durante as primeiras sete ou oito semanas de vida de seus filhotes, período em que acumulam gordura suficiente para sobreviver à gelada água do mar”, disse ao Terramérica a especialista em Biodiversidade do Mar Báltico, Cathrin Münster, do WWF. “Por causa da falta de gelo nas Ilhas Aland e no Golfo de Riga, as focas nascidas neste inverno não terão essa proteção e seguramente não sobreviverão”, acrescentou.

Com a banquisa (placa de gelo flutuante) debilitada ou insuficiente, os filhotes são obrigados a nadar sem a vital proteção de gordura nas águas frias do mar, e morrem de hipotermia e desnutrição. No início do século XX, a população de focas aneladas do Mar Báltico era de 180 mil animais. Atualmente, segundo estimativas do WWF, está entre sete mil e dez mil exemplares. “Durante o século passado, a caça e a contaminação ambiental dizimaram a população de focas no Báltico”, disse Münster. Nos últimos anos, como acontece com o urso polar, o principal inimigo das focas é a mudança climática. Aland e Riga são habitat de cerca de 1.700 focas. Isto significa que o degelo da placa flutuante ameaça a vida de quase 25% da população total da espécie no Báltico.

O inverno boreal que está terminando será o segundo consecutivo com alta mortandade de filhotes de foca por falta de gelo. No inverno 2007-2008, a maioria dos recém-nascidos morreu em três das quatro regiões bálticas habitadas pela espécie. De acordo com a agência federal alemã de Hidrografia e Navegação Marítima (BSH), o degelo do inverno passado no Báltico foi o maior observado em quase 300 anos, desde 1720, quando começaram as primeiras medições. Segundo a BSH, em todo o século passado, com exceção das temporadas de inverno entre 1960/61 e 1988-89, o Golfo de Botnia se mantinha completamente gelado em fevereiro e até meados de março. Mas, em invernos recentes, o degelo é tão rápido que, em meados de março, a massa de gelo é tão pequena quanto a observada em dezembro.

Estimativas do Instituto Meteorológico da Finlândia confirmam esta observação: a placa de gelo flutuante do Báltico alcançou em fevereiro uma superfície de 105 mil quilômetros quadrados. Embora essa área tenha duplicado a registrada no inverno anterior, representa apenas 25% da de 1985, a temporada mais gelada na história da região, quando a cobertura de gelo chegou a 400 mil quilômetros quadrados. Münster acredita que a morte em massa de focas bálticas é o anúncio e a consequência da mudança climática. “Sem gelo a foca anelada, como muitas outras espécies das regiões mais setentrionais, não pode sobreviver”, afirmou. A foca precisa de pelo menos 90 dias no gelo para não morrer. Além disso, a placa de gelo flutuante deve ser suficientemente extensa e espessa para garantir a proteção dos recém-nascidos.

Projeções de várias entidades, especialmente do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC), alertam que se nas próximas décadas a temperatura média do planeta aumentar mais do que dois graus, até o final do século XXI o volume das geleiras do Polo Norte e regiões próximas poderá diminuir em até 80%. O derretimento da placa de gelo flutuante significará que durante o inverno no Báltico haverá gelo suficiente apenas para a sobrevivência das focas por um período máximo de 50 dias, disse Münster.

Por: Julio Godoy correspondente da IPS.
Fonte: Envolverde/Terramérica


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