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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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08/04/2009

Parceria ajuda a recompor florestas


De um lado, paira sobre a cabeça do produtor rural a espada da lei ambiental, que o obriga a preservar ou recompor com árvores nativas no mínimo 20% de sua propriedade - no caso do Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste. De outro lado, há produtores que mal têm o dinheiro para investir nas lavouras anuais, o que se dirá no plantio de árvores.

"Uma recomposição de floresta com espécies nativas, seguindo à risca toda a legislação, chega a R$ 15 por muda, por dois anos, com 1.667 mudas por hectare", diz o biólogo Otávio Morais, da empresa Brasil Diverso, especializada em recomposição de florestas. Ou seja, durante dois anos, que é o tempo que se espera que a muda nativa já possa crescer por conta própria, o produtor gastaria no mínimo R$ 12.500 por hectare/ano.

A ONG SOS Mata Atlântica, que também encampa, por meio de parcerias, o plantio de árvores nativas, indica um custo de R$ 12 por muda com 1.700 mudas por hectare, por dois anos, ou seja, R$ 10.200/hectare/ano.

CONTRA O AQUECIMENTO
A boa notícia é que o produtor rural tem, atualmente, possibilidade de recompor áreas com espécies nativas sem gastar nada. Deve apenas, logicamente, ceder a área, numa parceria fechada com empresas interessadas na neutralização de carbono (CO2) - o principal gás responsável pelo aquecimento global - ou aquelas que necessitam, por lei, fazer compensação ambiental com o plantio de árvores nativas.

No sítio de Diniz, mais quatro nascentes surgiram após a recomposição de 5 hectares

Funciona assim: com o plantio de determinada quantidade de árvores, empresas ajudam a neutralizar ou a "sequestrar" o carbono lançado à atmosfera a partir de suas atividades ou eventos.

No Sítio Duas Cachoeiras, do produtor orgânico Guaraci Diniz, em Amparo (SP), a Gráfica The Plêiades, de Santo André (SP), financiou o plantio de 5 mil mudas de espécies nativas em 4,8 hectares. "O gasto no primeiro ano de plantio, entre novembro de 2007 e novembro de 2008, foi de R$ 20 mil", diz o proprietário da gráfica, Samuel Lopes de Oliveira. O resultado, para a empresa, será a neutralização de no mínimo 40 toneladas de carbono/ano, levando-se em conta todas as atividades da gráfica.

OS CÁLCULOS
O Laboratório de Engenharia Ecológica e Informática Aplicada da Unicamp fez os cálculos de quantas árvores seriam necessárias: 3.548 árvores em 2,15 hectares. "Como eu consegui as mudas no Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, a economia que o empresário teve em mudas, cerca de R$ 5 mil, aplicou no plantio de uma área maior", conta Diniz, que quer reflorestar 100% do sítio de 30 hectares - dos quais 90% já estão recompostos ou em processo de recomposição -, cujo cultivo é feito no sistema de agrofloresta. "Virei também produtor de água: em apenas um ano de plantio das mudas, surgiram mais quatro nascentes no sítio."

O pecuarista de corte Luis César Cestari, de Iacanga, região de Bauru (SP), também negocia com uma empresa de cerâmica de Bariri (SP) a recomposição da mata ciliar de um córrego que passa na sua propriedade. Na Fazenda São Paulo, de 240 hectares, a empresa deve plantar 2 hectares de mata ciliar, dos 20 hectares a que está sendo obrigada por lei. "Não é neutralização de carbono, mas uma compensação ambiental", diz Cestari.

"Acho que por aqui ninguém fez ainda esse tipo de parceria", diz Cestari, que já dispõe dos 20% da área de reserva legal. "Nos próximos meses o plantio deve começar. Quando a mata crescer, ela vai unir dois trechos de mata ciliar já existentes", finaliza.

Por:Tânia Rabello
Fonte: O Estado de S. Paulo


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