Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
09/04/2009
Congresso dos EUA ignora CO2 gerado por desmatamento
Grandes emissores de gases de efeito estufa, os EUA caminham lentamente para o consenso de uma política climática nacional que coloque um filtro em suas chaminés industriais e escapamentos de carros. Mais distante ainda parece estar o entendimento dos legisladores americanos sobre o impacto das florestas tropicais de países em desenvolvimento nas nações ricas - e a necessidade de uma legislação global a respeito.
Uma pesquisa divulgada em Washington pela organização Resources for the Future mensurou o que alguns ambientalistas americanos suspeitavam: até mesmo os congressistas mais engajados na causa ambiental desconhecem conceitos da correlação entre desmatamento e geração de carbono, tampouco o estágio das negociações internacionais sobre o tema.
"Embora o Protocolo de Kyoto não contemple ainda os projetos de Redd [Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação], já existe um amplo consenso de incluir os gases oriundos do desmatamento para o próximo acordo climático global", afirma o relator do estudo, Lou Leonard. "Por este motivo era necessário realizar uma pesquisa para medir o conhecimento dos nossos congressistas".
Ao longo de dois meses, 31 representantes do Senado e da Câmara dos Representantes dos EUA envolvidos nos debates de energia e clima - democratas, republicanos e independentes - foram ouvidos sobre o papel das florestas tropicais nas mudanças climáticas e na regulamentação de novas políticas nacionais e internacionais.
O resultado apontou que mais da metade dos entrevistados está despreparada para o assunto: 39% não têm informação suficiente sobre aspectos políticos e científicos da produção de carbono por desmatamento, e 20% mostraram-se totalmente desinformados. Os representantes americanos também desconfiam de um mercado global de créditos de carbono que inclua as florestas. Para a maioria, ele pode não produzir reduções confiáveis, por se de difícil mensuração.
Quando incentivados a dar sugestões de tópicos relacionados às florestas que deveriam ser investigados mais profundamente para subsidiar o Congresso com informação, os entrevistados citaram a necessidade de mais dados sobre negociações internacionais e sobre o efeito nos preços do carbono no caso de uma eventual avalanche de contratos negociados.
"Talvez a tradição de deixar ao presidente os assuntos internacionais ou ao fato de que o eleitorado geralmente ignora assuntos externos e é abertamente hostil a eles façam com que os representantes do Congresso dos EUA não priorizem esses assuntos", diz o relatório.
O desmatamento representa a segunda maior fonte de emissão de gases-estufa no mundo, produzindo 20% das emissões totais e mais que a produção total de carros, aviões, trens e navios. No Brasil e Indonésia a derrubada de árvores equivale a quase 80% das emissões.
Por: Bettina Barros
Fonte: AmbienteJá/Valor Econômico