Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos
O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS
13/04/2009
Califórnia pioneira
Para cumprir meta de emissão de gases do efeito estufa, Estado americano elege álcool de cana como alternativa
A melhor notícia dos últimos tempos para o álcool de cana veio da Califórnia: o combustível brasileiro figura como uma das estrelas na nova regulamentação do Estado americano, tradicionalmente na vanguarda ambiental dos EUA. Para o Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia, encarregado de propor a nova regra, o álcool combustível do Brasil diminui em 72% as emissões de veículos que agravam o efeito estufa, como noticiou o jornal "Valor Econômico".
Ao queimar combustíveis fósseis como a gasolina, automóveis produzem gases -por exemplo, dióxido de carbono (CO2)- que retêm radiação de origem solar na atmosfera, esquentando-a. Para combater o aquecimento global, o Estado governado por Arnold Schwarzenegger adotou a meta ambiciosa de reduzir 80% suas emissões de carbono até o ano 2050. A regulamentação em preparo visa garantir a meta intermediária de cortar 10% até 2020.
O álcool obtido da cana se sai bem no quesito por ser combustível renovável. Sua queima também produz CO2, mas boa parte desse carbono será recapturada pelos canaviais em crescimento no ano seguinte. Já o ciclo de produção e queima de derivados de petróleo não propicia nenhuma absorção do carbono liberado.
O cálculo californiano coincide com estudo da Embrapa Agrobiologia segundo o qual o ganho diante da gasolina é de 73%. Na conta dos 72% americanos, porém, entram só as emissões diretas do combustível.
Se for computado o carbono emitido com a mudança no uso da terra, como o desmatamento, a vantagem diante da gasolina cai para 24% -ainda assim, bem melhor que o álcool de milho produzido nos EUA, cujas emissões são superiores às da gasolina. Projeta-se que esse desempenho possa até triplicar a demanda americana por álcool brasileiro.
Os adversários da cana no futuro, contudo, são o álcool de celulose (produzido a partir de qualquer parte de um vegetal, e não só do suco da cana) e o hidrogênio. Para ficar no páreo, o Brasil precisa aprofundar o investimento nas frentes tecnológica, ambiental e de informação.
No campo da informação, produtores já se mobilizam para questionar e atualizar os dados sobre desmatamento usados pelos técnicos californianos. No quesito ambiente, pode-se avançar muito na mecanização da colheita, que evita queimadas. Por fim, há que incentivar a pesquisa para converter a celulose da própria cana em álcool.
Fonte: Folha de S. Paulo