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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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13/04/2009

Estudo polemiza relação entre aquecimento e doenças


Artigo publicado por ecologista dos EUA contesta dezenas de estudos anteriores ao afirmar que o aumento da temperatura global não causaria automaticamente a expansão das doenças infecciosas, mas seria apenas um fator entre muitos

Um pesquisador norte-americano causou polêmica entre os editores da Ecology ao enviar um artigo no qual afirma que as doenças infecciosas, diferentemente do que muitos cientistas afirmam, não irão se espalhar para as regiões temperadas devido às mudanças climáticas.

Na realidade, esta questão é muito mais complexa e o aumento da temperatura é apenas um fator entre outros socioeconômicos e ambientais que afetam as doenças, como latitude, altitude e sazonalidade, argumenta Kevin Lafferty, um ecologista especializado em doenças do US Geological Survey"s Western Ecological Research Center , de Santa Barbara, na Califórnia.

No artigo publicado na edição de abril da revista, que é um dos principais periódicos científicos da área, Lafferty afirma que as mudanças climáticas mais provavelmente irão mudar, e não expandir, a variedade de doenças causadas por insetos – e algumas áreas podem experimentar a diminuição da sua incidência.

O trabalho de Lafferty contesta dezenas de estudos publicados nos últimos anos que projetam o aumento da variedade de vetores de doenças com a subida nas temperaturas, aumentando a quantidade de doenças.

“O efeito das mudanças climáticas pode ser relativamente menor, particularmente em muitas doenças humanas infecciosas em lugares onde outros fatores, como os econômicos, são conhecidos por desempenhar um grande papel”, disse Lafferty ao SciDev.Net.

Países mais ricos e em latitudes maiores possuem recursos para controlar e tratar a malária, cita o autor, então não é porque tais regiões se transformem em um bom habitat para os mosquitos que isto necessariamente signifique um número maior de infecções por malária.

Fatores como a duração do dia – um fator muito mais sazonal que climático – pode afetar a taxa de transmissão da doença, enquanto que a precipitação pode ter um papel complexo na mudança de habitats para os vetores de doenças. A ação humana, como o uso de terras e os métodos de controle de doenças, também impactam no número de casos, segundo autor.

Lafferty critica que simples resumos sobre o tópico com freqüência levam a uma única conclusão: doenças infecciosas irão aumentar de maneira generalizada.

“De forma alguma eu estou dizendo que nós não deveríamos estar estudando este assunto, o que eu quero fazer é apresentar um cenário de como nós podemos estudá-lo de forma mais efetiva”, afirmou ao SciDev.Net. “Eu acho que devemos nos preocupar em super enfatizar o clima em detrimento de outros efeitos muito importantes sobre o qual podemos fazer algo, como a economia.”
Críticas

As idéias de Lafferty causaram tanto furor entre os revisores que o editor que recebeu o artigo, Kenneth Wilson, da Universidade britânica de Lancaster, encomendou uma série de respostas para serem publicadas junto ao artigo com o intuito de mostrar os dois lados do debate.

Ele e outros cinco cientistas refutaram as idéias apresentadas por Lafferty e ressaltaram a preocupação de que suas conclusões possam levar a interpretações de que as mudanças climáticas não teriam um papel nas alterações de padrão das doenças infecciosas.

Em um desses artigos, Mercedes Pascual, da Universidade de Michigan (EUA) e Menno Bouma, da Universidade de Londres (UK), argumentam que mesmo se a gama geográfica, por exemplo, do mosquito da malária não aumentar, a doença poderia se estender para áreas mais populosas e vulneráveis. A população em países onde há malária tendem a se concentrar e áreas de menor risco, em maiores altitudes, eles afirmam, então a mudança da malária para locais mais altos poderia aumentar o número de casos.

Sarah Randolph, da Universidade de Oxford (UK), escreveu em seu artigo na Ecology que uma “retórica exageradamente simplista” sobre o papel das mudanças climáticas “é moralmente indefensável se isto distrair as agências de saúde pública de ações de melhorias efetivas focadas nas causas reais”.

Richard Ostfeld, do Cary Institute of Ecosystem Studies in Millbrook, New York, disse que apesar da melhor infra-estrutura do setor de saúde nos países desenvolvidos ser excelente para alguns, “ela está longe de ser universal”. Diversos ecologistas apontaram, por exemplo, que há evidências de que as mudanças climáticas já aumentaram a incidência de malária em áreas de maior altitude na Etiópia, onde a infra-estrutura médica precária irá prejudicar qualquer resposta para resolver o problema.

Seja qual for o debate, contudo, a maioria dos ecologistas concorda que as preocupações com a saúde devem continuar desempenhando um papel crítico nas políticas climáticas e nenhuma discussão pode enfraquecer ações de mitigação do problema.

Por: Paula Scheidt
Fonte: CarbonoBrasil/ Scidev.Net /New Scientist


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