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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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14/04/2009

Mudanças climáticas, o homem, e o aumento da desertificação no mundo


A desertificação é um problema grave, que vem se intensificando ao longo dos últimos anos, como uma das causas/conseqüências das mudanças climáticas. Eu escrevi causas/conseqüências, porque o problema da desertificação geralmente é deflagrado ou agravado pelo homem e suas atividades (desmatamento, expansão urbana, exploração mineral descuidada, entre outros), e quando o processo já está instalado, contribui para o desequilíbrio ambiental responsável pelo aquecimento global. Ou seja, torna-se uma reação em cadeia.

Segundo a ONU, a definição do processo de desertificação que atinge várias áreas do globo, seria “a degradação das terras nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de diversos fatores, tais como as variações climáticas e as atividades humanas”. Significa então que o solo perdeu sua capacidade produtiva devido aos fatores citados. Em regiões áridas, já existe uma pré-disposição ao processo de degradação, que pode inclusive, iniciar naturalmente, porém, sem desequilíbrio. Bem, o que as pessoas deviam saber sobre desertificação é que ela não existe só na África e Ásia, mas no Brasil também, e não é apenas uma região brasileira que apresenta o problema em nível já avançado, mas inúmeras.

No estado do Rio Grande do Sul, especificamente nas regiões dos municípios de Alegrete, Quaraí e adjacências, já se observa um agressivo processo de degradação do solo, intensificado pelo manejo inadequado dos recursos naturais.

Os solos da região já apresentam tendências naturais à degradação, visto que são mais arenosos, com baixa coesão entre as partículas, baixa fertilidade e esparsa cobertura vegetal. Porém, com a intervenção inadequada do homem, as áreas se expandiram e até mesmo áreas não degradadas, hoje apresentam o processo de arenização, formando os chamados “areais”. Neste local, não é atribuído o nome de desertificação ao processo que atinge o local, visto que o Rio Grande do Sul não está inserido nas faixas climáticas árida e semi-árida.

No nordeste do país (região árida e semi-árida), há quatro núcleos de desertificação existentes, com área de cerca de 18.000km2, sendo que “núcleos de desertificação” são consideradas áreas com o processo de degradação já irreversível. Fora isso, cerca de 1 milhão de km2 das regiões nordeste e norte do estado de Minas Gerais se encontram susceptíveis ao processo e já o apresentam a um certo grau.

Com base em pesquisas do Centro Hadley do Escritório Meteorológico do Reino Unido, até o ano de 2100, um terço do planeta estará convertido em deserto. Migrações de milhões de pessoas para terras mais férteis, em busca de sobrevivência, se tornarão comuns, aumentando o impacto do homem no meio ambiente e aumentando a pressão por demanda de recursos, e com isso, desequilibrando ainda mais os efeitos das mudanças climáticas no globo.

O papel do homem nesta história é o de sempre, o manejo inadequado e exaustivo dos recursos naturais. No caso do nordeste brasileiro, a exploração mineral, agricultura e pecuária acabam por minar a rala vegetação existente, funcionando como um acelerador da desertificação. Sem a colaboração das prefeituras dos municípios atingidos e claro, do próprio governo, e ainda, o desenvolvimento de uma consciência ambiental no próprio homem, não haverá escapatória quanto à irreversibilidade do processo de desertificação, não apenas no nordeste brasileiro, mas no mundo todo. E as conseqüências provavelmente serão imensuráveis e irrecuperáveis para a população mundial.

Por: Carolina Carvalho, geóloga (UNESP), mestre em sensoriamento remoto (INPE) e doutoranda em planejamento energético na Coppe (UFRJ).
Fonte: Envolverde/CarbonoBrasil


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