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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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30/04/2009

Prazo para evitar perigo climático está quase no fim


Mesmo com corte drástico no CO2, existe risco de 25% de o aquecimento global ultrapassar o limite arriscado de 2ºC

Estudo define uma cota de 1 trilhão de toneladas de gás carbônico como o teto a ser emitido até 2050 para que clima não fique "perigoso"

A humanidade já está passando do ponto de conseguir evitar uma catástrofe climática. Um novo estudo mostra que o mundo tem de emitir no máximo 1 trilhão de toneladas de CO2 nos primeiros 50 anos deste século se quiser ter uma chance razoável de evitar um aquecimento de mais de 2C na temperatura global. Porém, apenas nos últimos nove anos, já lançou um terço disso.

O diagnóstico aparece hoje no periódico "Nature". Foi a primeira vez que uma pesquisa fez um cálculo desse tipo.

Segundo o estudo, mesmo que o mundo consiga seguir o planejamento de emitir no máximo 700 bilhões de toneladas de CO2 daqui a 2050, haverá uma chance de 25% de a temperatura aumentar mais do que 2C, limite considerado seguro pelos cientistas.

"Ninguém entraria num carro se a chance de não chegar ao destino fosse de uma em quatro", avalia o líder do estudo, o pesquisador Malte Meinshausen, do Instituto de Pesquisa de Impactos Climáticos de Potsdam (Alemanha).

Segundo ele, se continuarmos a queimar combustíveis fósseis no ritmo atual, atingiremos a cota máxima em 2030. Dessa forma, ficará inviável segurar o aumento da temperatura em 2C até 2100.

Para tentar limitar o aumento da temperatura em 2C, diz, o mundo só poderá usar um quarto das reservas de combustíveis fósseis comprovadas até agora entre 2009 e 2050.

Isso vale especialmente para o carvão mineral, o combustível fóssil mais barato, mais abundante e mais poluente. "A queima de carvão domina completamente as emissões de gases-estufa", diz Paulo Artaxo, físico da USP membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática).

Nem assim

As implicações políticas dos novos dados são enormes. Eles sugerem que nem mesmo as metas mais ambiciosas em discussão hoje para corte de emissões de gases-estufa no futuro evitarão com certeza aquilo que os cientistas chamam de "interferência perigosa".
A meta em discussão nas negociações internacionais de clima é reduzir as emissões de gases-estufa em 50% até 2050. Também se discute uma meta de curto prazo, para 2020, mas ainda não há consenso.

Meinshausen e colegas argumentam, no entanto, que as emissões precisam cair mais de 50% em relação aos níveis de 1990 para limitar o risco de exceder os 2C em 25%. Além disso, afirmam que as emissões precisam começar a declinar antes de 2020 -por volta de 2015 idealmente.

Para Nobre, o fato de o estudo mostrar um número máximo de quanto poderemos emitir num determinado período "não significa que será possível continuar com o status quo e torcer para que um dia apareça uma tecnologia que nos torne completamente independente dos combustíveis fósseis".

Os autores dizem que se o mundo deixar para começar a cortar radicalmente suas emissões após 2025, seria necessário uma redução de 10% ao ano para ficar dentro da cota -muito mais do que o Protocolo de Kyoto, que vem sendo cumprido por poucos países, prevê para um prazo de quatro anos.

Incerteza

Nobre explica que o mundo não estará livre dos impactos mesmo com um aquecimento limitado a 2C. Com essa temperatura adicional, a Terra estaria mais quente do que esteve em vários milhões de anos. O nível do mar pode subir 50 cm ou mais, ilhas oceânicas podem desaparecer e as tempestades podem ficar mais severas. Desde o começo da era industrial, a temperatura já subiu 0,8C.

Martin Parry, um dos líderes do IPCC, é mais pessimista: "Nós deveríamos planejar uma adaptação a pelo menos 4C de aquecimento", escreveu, num comentário na "Nature".

Fonte: Manchetes Socioambientais/ Folha de S. Paulo


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