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O novo inimigo - 13 de Dezembro

O novo inimigo
 

Por: Ricardo Lorenzetti
 

A pandemia, a insegurança, o medo, a frustração e o colapso ambiental causam explosões sociais que as instituições não conseguem resolver. 
 

O inimigo entrou em nossas casas e nos oprime. A cada dia a insegurança é percebida em todo o planeta, pois podemos perder nossa saúde, renda ou qualidade de vida em um instante.


O medo nos paralisa, pela ameaça permanente de um inimigo irreconhecível.


A frustração nos domina, porque o futuro parece pior que o passado.


A natureza, por sua vez, parece ter ficado com raiva dos humanos e está cada vez mais agressiva.


A pandemia, a insegurança, o medo, a frustração e o colapso ambiental provocam explosões sociais que as instituições não conseguem resolver e surge a tentação autoritária de limitar os direitos individuais.


O pessimismo generalizado levou a acreditar que. com pequenos ou grandes ajustes ao existente, haverá uma melhoria. A história ensina que isso só leva a um declínio prolongado que culmina em uma crise que produz uma mudança profunda.


Por isso é necessário agir antes, mudando o rumo que estamos tomando e criando um idealismo unificador capaz de quebrar o círculo vicioso que esta tragédia gera.


Uma dessas transformações vem do movimento ambientalista, principalmente no campo da pandemia.


A abordagem globalmente aceita para lidar com a pandemia Covid19 é baseada no "modelo sanitário". Sua justificativa é que há uma crise transitória causada por um vírus que afeta de forma massiva a saúde humana, gerando uma curva de contágio que sobe e desce.


Essa abordagem é: Unilateral: seu objetivo principal é o cuidado da vida e a saúde humana; Transitório: já que existem medidas drásticas que implicam limitação de liberdades, desaceleração da economia, e grandes investimentos do Estado, limitados à duração da pandemia; Defensivo: porque existe um perigo que exige o controle da demanda nos sistemas de saúde para evitar a saturação.


Nos fóruns ambientais internacionais, começaram as incômodas questões: o que acontece se o que vivemos não for apenas uma crise transitória ?; O que acontece se houver um novo surto ou outro vírus aparecer no próximo ano? O que aconteceria se um desastre ambiental ocorresse e obrigasse a medidas semelhantes?


Nestes casos; Será que as pessoas aceitarão uma nova quarentena? A economia suportara outra paralisis? Os Estados poderão continuar aumentando sua assistência social e econômica?


As perguntas são pertinentes, pois o que se está  percebendo é que o fenômeno é diferente.


Os dados científicos mostram uma repetição de eventos catastróficos que indicam que não se trata apenas de uma crise transitória, mas de um processo de colapso sistêmico. Os exemplos não faltam: a análise das zoonoses mostra que começam a ocorrer com maior frequência, porque a barreira de transmissão entre animais e humanos se deteriorou. As mudanças climáticas podem causar novas doenças, ou grandes secas, ou inundações ou tempestades destrutivas, como vimos recentemente na Argentina, Brasil, Austrália, Sibéria, EUA.


Esses eventos ocorrem em um tempo e espaço que neutralizam a capacidade tradicional de reação humana.


Cinqüenta anos atrás, poderia haver uma doença causada pelo consumo de animais selvagens na Amazônia ou na Ásia, mas eles foram ignorados pelo resto; agora, o transporte permite que eles se movam de uma extremidade do planeta para outra em poucos meses.


O espaço globalizado torna ineficaz o fechamento de fronteiras e há grandes dificuldades em empreender uma resposta organizada. A melhor evidência de que é um fenômeno diferente é que surpreendeu a toda a ciência e tecnologia disponíveis e só se utilizou a lavagem das mãos e a quarentena, que são instrumentos medievais.


O modelo ambiental, por seu lado, indica que se deve prevenir e a alterar o rumo dos processos, pois não haverá resultados diferentes se continuarmos fazendo o mesmo que fizemos nos últimos cem anos.


O modelo é diferente porque: É sistêmico: não se baseia em um único fator (sanitário), mas na análise do sistema e na modificação de uma multiplicidade de elementos que levam a um resultado diferente.


É pró-ativo: não é defensivo, mas antes propõe políticas públicas ativas para evitar que o fenômeno se repita ou para tentar fazê-lo com menor intensidade.


É permanente: não é uma medida transitória, mas uma modificação constante do curso dos acontecimentos.


Por isso, é incorreto falar em “pós-pandemia”, pois se trata de conviver com fenômenos deste tipo. O “paradigma ambiental” implica mudar a economia e a governança para coordenar os sistemas econômico, social e ambiental. É uma mudança de valores, de cultura e de compreender de que não há saúde humana sem saúde da natureza.


O olhar ambiental deixou de ser um idealismo distante para ser um projeto concreto de governança global. Vamos levar a natureza a sério parece ser a mensagem do século 21.

Fonte: Ricardo Lorenzetti
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