Parte dos impactos da mudança do clima já são inevitáveis. Investir em educação universal pode ser um elemento essencial nos esforços de adaptação a ela. Este investimento, até o momento, foca principalmente em projetos de engenharia, afirma estudo do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados, da Áustria, publicado na última quinta-feira na Science.

O trabalho usa análises de desastres naturais em 167 países nas últimas quatro décadas, assim com diversos estudos feitos em países e regiões individuais, publicados no ano passado em uma edição especial da Ecology and Society.

A pesquisa mostra que em muitos casos, particularmente onde as consequências exatas da mudança do clima ainda não são claras, a expansão educacional poderia ser um investimento melhor que a proteção de pessoas dos impactos com investimentos convencionais em barreiras em costas e outras obras de infraestrutura.

“A educação é crucial para reduzir as fatalidades de desastres e fortalecer a capacidade de adaptação”, disse Wolfgang Lutz, diretor do programa de população do Instituto e fundador do Centro Wittgenstein de Demografia e Capital Humano Global.

Modelos do clima projetam que eventos de tempo extremo irão aumentar com o aquecimento do planeta. E com o aumento do nível do mar, enchentes irão se tornar um risco maior em áreas costeiras de terras baixas. Assim, os pesquisadores da instituição lançaram um importante projeto para explorar as conexões entre taxas de fatalidades em tais desastres, níveis de educação e outros fatores potenciais que poderiam contribuir com a resistência, tais como riqueza e saúde. “A educação melhora diretamente o conhecimento, a capacidade de entender e processar informação e a percepção de riscos. E indiretamente melhora o status socioeconomico e o capital social. Estas são as qualidades úteis para resistir aos desastres,” afirmou Raya Muttarak, uma das autoras do estudo, segundo o Carbon Brief.

Alguns países se comprometeram em doar US$ 9 bilhões para o Fundo Verde do Clima da ONU, para investimento de adaptação e mitigação em países em desenvolvimento. Resta saber como este dinheiro vai ser investido, se majoritariamente em obras de infraestrutura, que beneficiam grandes construtoras multinacionais, ou se mais dinheiro será alocado à educação.

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