Ao longo dos últimos 3,5 bilhões de anos mais de 95% das espécies que já povoaram a Terra foram extintas. Esta é a estimativa científica sobre o passado. No entanto, a perda da biodiversidade mundial ainda acontece hoje e em níveis altíssimos.
Conforme reportagem publicada na revista científica Nature, se a tendência atual continuar a se repetir, é possível que, nos próximos séculos, o planeta perca 75% de suas espécies. Os mais ameaçados são os anfíbios, que devem ser reduzidos em 41%.
Apesar de essas serem previsões feitas por especialistas, ainda é muito difícil mensurar com certeza o tamanho do desastre. Isto porque as espécies registradas são ínfimas em relação às existentes. Estima-se que existam mais de 50 milhões de tipos diferentes de animais, plantas e fungos vivos. Porém, menos de dois milhões foram catalogados.
Ainda assim, com um número tão baixo estudado, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) possui 76 mil nomes na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.
Quando os pesquisadores avaliam o futuro, o cenário é repleto de incertezas. Muitos fatores, como as mudanças climáticas, ainda são obscuros em suas consequências e podem acelerar a extinção de diferentes formas, muitas delas desconhecidas até agora.
O estudo da Nature mostra que as políticas de conservação poderiam retardar as extinções, mas as tendências atuais não são positivas. Mesmo com a expansão de áreas terrestres e oceânicas protegidas, as pressões sofridas continuam a aumentar. “Em geral, o estado da biodiversidade está piorando, em muitos casos de forma significativa”, explicou Derek Tittensor, ecologista marinho do Programa Ambiental das Nações Unidas para a Conservação Mundial e do Centro de Monitoramento de Cambridge, em declaração à Nature.
Para conseguir mensurar melhor o cenário futuro, os pesquisadores têm trabalhado no desenvolvimento de sistemas interativos para computadores que permitem a realização de simulações sobre a forma como as atividades humanas alteram os ecossistemas. O primeiro modelo, chamado de GEM, levou três anos para ser construído e tenta representar todos os micro-organismos com massa corporal de dez microgramas até 150 toneladas. O projeto ainda passa por ajustes, mas se for possível capturar toda a amplitude da vida na Terra, ela também pode ajudar a reduzir o estrago futuro.
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