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Notícias Ambientais
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Manaus tem mais de 626 mil pessoas sem acesso à rede de abastecimento de água - 21 de Março

Abastecida pelo rio Negro que, junto com o rio Amazonas, forma a maior bacia de água doce do mundo, Manaus tem 626.571 pessoas das zonas Norte e Leste vivendo uma crise hídrica sem prazo para acabar, conforme levantamento realizado pela agência Amazônia Real. Estes moradores, a maioria vivendo nos bairros mais carentes e populosos da capital amazonense, não têm acesso à água tratada em casa porque suas torneiras não são ligadas à rede de abastecimento da concessionária do serviço, privatizado há 15 anos.

Na Amazônia, são as chuvas que definem as enchentes e as vazantes dos rios, e influenciam também o clima no Sudeste do país, que enfrenta atualmente uma seca histórica. Portanto, escassez de água nos reservatórios não é o problema de Manaus, pois o rio Negro produz em média 28 milhões de litros de água por segundo, mesmo no período da vazante (seca), o que daria para abastecer os Estados do Amazonas e de São Paulo, segundo o Serviço Geológico do Brasil (sigla CPRM).

Para suprir a falta de água tratada da distribuição, os moradores se abastecem como podem e no improviso. Usam poços artesianos clandestinos, reservatórios dos vizinhos e de escolas públicas, carros-pipa, cacimbas, lagos, igarapés e água da chuva. Assim, ficam expostos a doenças por veiculação hídrica.

A concessionária Manaus Ambiental assumiu a gestão do abastecimento e saneamento básico da capital em 2012. Em respostas à agência Amazônia Real, a empresa disse que a cobertura da rede de distribuição de água atende a 98% da população da capital, o equivalente a 1.950.799 habitantes da capital amazonense, segundo dados de janeiro de 2015. “Os 2% serão atendidos conforme o cronograma de obras”, afirmou a empresa.

Sem citar números de domicílios (moradias) atendidos nas zonas Leste e Norte, como perguntou a reportagem, a Manaus Ambiental disse que com o Programa Águas para Manaus (Proama), que tem a captação da Estação Ponta das Lajes, no rio Negro, “atende integralmente a 500 mil pessoas da zona Leste e parte da zona Norte da cidade, com uma média de 18 mil ligações residenciais”.

A concessionária diz que da distribuição de água para as 500 mil pessoas dessas duas áreas urbanas, “70% dos moradores aderiram à rede pública e estão com ligação de água regularizada e 30% se abastecem ainda de cacimbas improvisadas e/ou ligações irregulares de água”.

Desde o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, a taxa de crescimento da população brasileira é de 3,49% ao ano. Há cinco anos, viviam nas zonas Leste e Norte de Manaus 949.001 pessoas em 235.910 domicílios, uma média de 4,2 pessoas por moradias.

Atualmente (2015), o IBGE estima que moram nestas duas zonas urbanas 1.126.571 pessoas (em 268.231 domicílios), ou seja, quase metade da população de Manaus de 2.133.639 habitantes, em 2015.

A agência Amazônia Real confrontou os números da concessionária para a distribuição de água nas zonas Leste e Norte com os dados do crescimento populacional do IBGE. Constatou, ao descontar o número de 500 mil pessoas atendidas pela empresa com o total da população da região (1,1 milhão), que 626.571 pessoas estão sem água tratada da rede geral.

A reportagem perguntou novamente da Manaus Ambiental, por meio de sua assessoria de imprensa, quantas moradias são atendidas pela rede de abastecimento nas zonas Leste e Norte e quantas pessoas estão sem água nos bairros destas regiões, mas a concessionária não respondeu às perguntas alegando que o diretor da empresa, único autorizado a falar sobre o tema, estava viajando.

Foi para a zona Leste de Manaus que agência Amazônia Real centralizou seus esforços de reportagem de campo com a colaboração da Mídia Ninja, que junto com coletivos e grupos de comunicação independente monitora a crise hídrica em São Paulo pelo Conta da Água, para mostrar nesta semana que antecede o Dia Mundial da Água a realidade dos “sem água” de Manaus. A data é comemorada no próximo dia 22 de março.

É nesta região da cidade que a precariedade no abastecimento de água é emblemática. Há casos de famílias que estão dentro da rede geral, mas enfrentam falta d´água. Isto gera uma legião de famílias endividadas com a empresa porque se recusam a pagar a conta por causa do abastecimento irregular por não ter água disponível. Procurada, a Manaus Ambiental não informou à reportagem o total de pessoas nesta situação.

No bairro Zumbi dos Palmares 2, a comerciante Gracilene Alves Neves, 52 anos, disse que vive um “racionamento forçado”. “Quando acaba a água, pegamos um balde nas casas de vizinhos que têm poço. Mas as contas sempre vêm. Em novembro, o valor foi R$ 221. Em dezembro, R$ 512. Em janeiro, já veio com R$ 180. Moramos num lugar cercado de água e vivemos assim, na crise de falta d´água”, disse.

O vigilante Aldiney Pereira de Lira, 38, que mora no bairro Nova Vitória, afirma que enfrenta o problema da falta d´água há dez anos. “Para te dizer a verdade, eu me sinto envergonhado. A Amazônia tem o maior rio de água doce do mundo e a gente não tem água. É um sofrimento até para achar um caminhão pipa e ter o dinheiro para pagar. Com R$ 50 se enche o tanque. É uma sorte, tipo acertar na loteria”, disse.

O educador Valter Calheiros, membro do grupo ativista em defesa dos cursos d´água de Manaus S.O.S. Encontro das Águas, é conhecedor da situação dos bairros das zonas Leste e Norte. Ele diz que as duas áreas são as mais afetadas pela precariedade do abastecimento de água, em Manaus.

“Os nossos rios possuem água suficiente para abastecer toda a cidade. E o povo fica sem água e tem que se virar. Carrega água em balde pelas ruas, em garrafas. Quando a água da rede chega, só chega de madrugada, é muito fraca, não sobe nem no chuveiro. Muitas casas têm que ter a cisterna. Falta de água não é (o problema). É falta de gestão”, ressaltou o Valter Calheiros

O Censo do IBGE de 2010 registrou a crise no abastecimento em Manaus, a maior capital do Norte do país. De 1,7 milhão de habitantes existente na ocasião, 440 mil pessoas estavam fora da cobertura da rede geral de distribuição. Segundo o IBGE, para não ficar sem água, os moradores já utilizavam recursos como as cacimbas, poços artesianos clandestinos, ligações irregulares.

Adjalma Nogueira Jaques, supervisor de Disseminação de Informações do IBGE no Amazonas, afirmou que o sistema de poço artesiano cresceu muito em Manaus.

Contnua lendo a repostagem na página da Agência Amazônia Real 

Fonte: Elaíze Farias/ Agência Amazônia Real
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