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Notícias Ambientais
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Um final para os combustíveis fósseis até 2050 é possível - 08 de Junho

Enquanto as discussões climáticas na Alemanha acontecem num ritmo lento nesta semana, cresce o movimento para que os negociadores definam uma meta de longo prazo para reduzir as emissões globais, o que ajudaria a salvar as negociações climáticas da ONU na próxima Conferência do Clima, que acontecerá no final do ano em Paris.

Atualmente, 127 países concordam com uma meta de redução de longo prazo para limitar o aquecimento global em até 2?C até o final deste século. No entanto, existem questões controversas sobre o quão ambicioso esse objetivo pode ser e qual seria o ano limite para tal meta ser alcançada pelos países.

Muitas das nações mais vulneráveis do planeta, como as Ilhas Samoa, a Etiópia e as Maldivas, têm demonstrado forte apoio para uma rápida redução de emissões, de forma a alcançar uma meta de emissões zero até 2050. Já outros países apoiam a ideia de um objetivo de longo prazo global de "emissões zero" em algum período da segunda metade deste século. Entretanto, isso limitaria significativamente as chances do mundo reduzir as emissões ao ponto de impedir o aquecimento global acima dos 2?C.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), qualquer atraso pode colocar a saúde do planeta em perigo. Se as emissões globais forem reduzidas a zero por volta de 2075, os cientistas preveem que teremos apenas 66% de chances de manter o aumento da temperatura média global dentro desse limite.

Os países que são a favor de um objetivo global de longo prazo são aquele que já possuem metas nacionais de longo prazo em execução. Nesse grupo, temos grandes nações desenvolvidas, como o Reino Unido e os Estados Unidos, que possuem metas de redução de longo prazo entre 80% e 83% até 2050. Contudo, muitos países já planejam zerar suas emissões até a metade deste século, como Butão, Costa Rica, Dinamarca, Etiópia, Maldivas, Mônaco, Noruega e Suécia.

Butão, famoso por colocar sua Felicidade Nacional Bruta à frente do seu PIB, avançou bastante na transição para fontes energéticas renováveis. O governo local também tem buscado reduzir as emissões associadas ao setor de mineração, importante fonte de receitas para o Butão, ao mesmo tempo em que incentiva a criação de empregos que promovam o desenvolvimento sustentável do país.

Já a Costa Rica almeja ser carbono neutro antes de 2050 – planeja atingir esse objetivo em até seis anos. No começo de 2015, a nação caribenha tornou-se o primeiro país do mundo a suprir suas necessidades energéticas com 100% de energia renovável por 75 dias seguidos. Este investimento em energias renováveis permitiu que o governo costarriquenho reduzisse o preço de sua energia entre 7% e 15% no ano passado.

Do mesmo modo, a Dinamarca se comprometeu a transformar sua matriz energética. Atualmente, o país recebe 19% de sua energia de fontes renováveis. No entanto, já existem planos de descarbonização dessa matriz, com metas para 2020, 2025 e 2050. Inicialmente, o governo dinamarquês tem como objetivo aumentar a geração de energia por fonte eólica e de biomassa, de forma a atingir a meta de 33% de energia renovável no país até 2020.

Somado a isso, a cidade de Copenhague também se comprometeu com a neutralização de suas emissões até 2025, combinando medidas de eficiência energética com os atuais 400 km de ciclovias e uma rede de tubos de aquecimento e arrefecimento de edifícios que reduz as emissões de carbono em cerca de 70%, e o consumo de energia em 80%.

"Nós queremos mostrar que é possível combinar crescimento e aumento da qualidade de vida enquanto reduzimos as emissões de carbono", argumenta Frank Jenson, prefeito de Copenhague. O discurso é semelhante ao de seu colega na capital sueca, Oslo, Fabian Stang, que planeja mudar a cidade do baixo carbono para o zero carbono. Isso reforça a importância da articulação de ações envolvendo diferentes âmbitos, do local ao nacional, como uma solução coletiva poderosa para reduzir as emissões nacionais.

Mas, e o Brasil? O governo brasileiro ainda não submeteu à ONU o seu compromisso climático nacional, revelando sua meta de redução de emissões e o período em que pretende alcançá-la. O país, que na década passada conseguiu reduzir suas taxas de desmatamento de forma significativa e, consequentemente, suas emissões de gases do efeito estufa, está passando hoje por um momento inverso: o desmatamento voltou a subir nos últimos anos, além do aumento recente da participação das usinas termelétricas na matriz elétrica nacional.

Outro ponto preocupante para o Brasil é o pré-sal, a "menina dos olhos" do governo nos últimos anos, que já vem drenando fortes investimentos para sua exploração e produção, colocando o país na contramão do movimento internacional em prol das fontes renováveis de energia. Não basta fazer investimentos pontuais e esporádicos, com políticas públicas contraditórias que nos levam a lugar nenhum. O paradigma que orientará as nações neste século será o da redução das emissões; se o Brasil demorar muito para entender isso, consequentemente ficará para trás nessa transição.

"Políticas nacionais e decisões de investimento dos setores privado e público devem ser baseados na premissa de que a era dos combustíveis fósseis está terminando e a revolução das renováveis está aqui para ficar", defende Tony de Brum, ministro das relações exteriores das Ilhas Marshall. Isso coloca mais pressão no cenário internacional, onde de Brum acredita que a comunidade internacional deve construir uma meta de longo prazo tanto nas negociações climáticas da ONU quanto nas discussões sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Sem um objetivo forte de longo prazo, as negociações em Paris poderão ser entendidas como um fracasso. Com a definição desse objetivo, as negociações climáticas da ONU recuperariam seu protagonismo, tornando-se uma força motriz dos esforços globais para acabar com a dependência de combustíveis fósseis.

Resta saber qual será o papel o Brasil nesse processo: seremos apenas mais um coadjuvante, com compromissos pobres, ou seremos a liderança que guiou o resto do mundo no enfrentamento a um dos maiores desafios já enfrentados pela humanidade? Nosso país já possui os recursos naturais necessários para essa transição. Mas, e a vontade política, nós temos? Temos um setor privado visionário que enxerga o combate às mudanças climáticas como fonte de vantagem competitiva sustentável? Temos uma sociedade civil consciente da dimensão do problema climático que já estamos vivendo e que exige políticas públicas de mitigação e adaptação junto ao poder público?

Ao longo desse ano, esperamos poder responder a essas perguntas de forma afirmativa.

*Raquel Rosenberg é coordenadora-geral da organização Engajamundo. Iago Hairon e Marcelo Bezerra são coordenadores do grupo de trabalho de clima da Engajamundo

Fonte: Blog do Planeta/ Raquel Rosenberg, Iago Hairon e Macelo Bezerra
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