A conferência do clima de Paris terminará em mais algumas horas neste sábado (12/12) com acordo histórico sobre mudanças climáticas.
Pelo texto finalizado na madrugada deste sábado, os 195 países membros da Convenção do Clima das Nações Unidas, mais a União Europeia, devem concordar em agir para manter o aquecimento do planeta “muito abaixo de 2oC” e a fazer esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5o C. A ambição coletiva será revisada a cada cinco anos, de forma a guiar os esforços para o atingimento da meta de temperatura – mecanismo conhecido como o “torniquete” do acordo.
Segundo os pontos delineados numa plenária na manhã de sábado pelo chanceler da França, Laurent Fabius, a polêmica questão do financiamento climático, que até o último minuto de negociação ameaçou levar Paris a pique, foi resolvida como costuma ser em negociações desse tipo: de forma salomônica. Ficou decidido que os US$ 100 bilhões por ano que os países desenvolvidos prometeram aportar para ações de combate à mudança do clima e de adaptação nos países em desenvolvimento serão um piso. Uma nova cifra, que vá além disso, só será definida em 2025.
Isso representa uma perda para os países em desenvolvimento, que queriam ver uma indicação do financiamento pós-2020 na mesa em Paris. Por outro lado, representa uma perda também para a posição dos desenvolvidos, que ameaçaram na noite de sexta-feira tirar os US$ 100 bilhões da mesa se não conseguissem aumentar a base de doadores para incluir países emergentes. Tiveram de se contentar com a menção à cooperação Sul-Sul.
A plenária da manhã teve clima de festa, com ministros e delegados sorrindo e tirando selfies antes da chegada de Fabius, acompanhado do presidente da França, François Hollande, e do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Fabius disse que o novo texto, “o nosso texto”, representava “o melhor equilíbrio possível”, e produzia um acordo “diferenciado, justo, durável e legalmente vinculante, fiel ao mandato de Durban” – em referência à reunião na África do Sul, em 2011, que produziu o roteiro para o primeiro acordo climático que inclui todos os países do mundo.
Tanto Fabius quanto Hollande, em seus discursos, evitaram transmitir muito a sensação de jogo jogado, e alertaram insistentemente os delegados para a necessidade de aprovar o acordo.
Esta é a última e crucial etapa da COP: é preciso que a decisão seja aprovada por consenso na plenária final, convocada para a tarde. Se algum dos 195 países se opuser, tudo pode dar para trás.
“Vocês estarão decidindo sobre um acordo histórico. O mundo está prendendo a respiração. Ele conta conosco”, disse Fabius.
François Hollande fez um discurso forte, chamando o 12 de dezembro de 2015 de um momento histórico e um marco para a humanidade, que emocionou até a intérprete que fazia tradução simultânea de sua fala para o inglês.
Reconhecendo que o acordo não é perfeito para todos, o presidente conclamou os delegados a julgar não as palavras, mas o conjunto.
“A França lhes pede, a França lhes convoca, a adotar o primeiro acordo universal sobre o clima”, discursou François Hollande. “A história chegou. A história está aí (…) Viva o planeta, viva a humanidade, viva a vida”, encerrou.
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